José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), admite que os treinadores estrangeiros gozem, em Portugal, de uma maior margem para erro do que os treinadores portugueses, ainda que a condescendência esteja nas mãos dos dirigentes.
Esta época, quatro técnicos já foram substituídos na primeira liga: Moreno Teixeira, por Paulo Turra e este por Álvaro Pacheco no Vitória, o próprio Álvaro Pacheco por Vasco Seabra no Estoril, e José Gomes por Moreno no Chaves.
A dança de treinadores é quase 100% portuguesa, com exceção do brasileiro Paulo Turra, demitido do Vitória ao fim de seis jogos. Longe vão os tempos em que os técnicos estrangeiros abundavam no campeonato português, sendo nesta altura apenas dois: o espanhol Pablo Villar, no Vizela, e o alemão Roger Schmidt no Benfica, numa situação fragilizada pela quarta derrota em quatro jogos na Liga dos Campeões.
O presidente da ANTF faz notar que as demissões de treinadores dependem sobretudo de quem dirige os clubes, mas não deixa de sinalizar uma tendência de maior tolerância para com os técnicos estrangeiros.
“Em igualdade de circunstâncias, não custa admitir que há uma mais ampla desculpa para com treinadores estrangeiros do que para com treinadores portugueses, mas isto está mais dependente das pessoas que dirigem os clubes do que de serem treinadores nacionais ou estrangeiros”, admite, em entrevista a Bola Branca.
A cadeira de treinador do Benfica é, sem dúvida, um aliciante para qualquer treinador português. O lugar é, para já, ocupado por Roger Schmidt, ainda que se levantem vozes a questionar a continuidade do alemão.
Para José Pereira, o apelo pelo lugar de comando nos encarnados é indiscutível, mas nada aponta para que os dirigentes do clube da Luz não sigam o caminho escolhido no final da época 2021/22 e avancem para outro técnico estrangeiro, em caso de saída de Schmidt.
“É evidente que o lugar de treinador do Benfica é apetecível para qualquer treinador português. Contudo, depois da opção do Benfica por Roger Schmidt, não admiraria que continuasse a pensar da mesma forma [e escolhesse mais um treinador estrangeiro]. Depende do momento, da conjuntura, do pensamento de quem escolhe e, sobretudo, de quem indica os treinadores”, conclui, em declarações à Renascença.