A Turquia deportou este ano 150 pessoas que planeavam lutar na Síria, 12 delas para países da União Europeia.
No comunicado, o Governo turco diz que os detidos e deportados estavam a contar filiar-se no Estado Islâmico ou em milícias curdas, colocando ambas estas realidades ao mesmo nível.
O Estado Islâmico lançou o caos e o terror na Síria e no Iraque durante vários anos até que acabou por ser derrotado territorialmente por uma aliança de milícias e de forças armadas regulares, no Iraque e por milícias pertencentes às Forças Democráticas da Síria, neste país.
As Forças Democráticas da Síria ocupam e administram a zona nordeste da Síria e são compostas por milícias curdas, cristãs, árabes e de outras etnias. Durante o combate ao Estado Islâmico foram elas que travaram toda a luta no terreno, contando com apoio aéreo de uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.
A zona administrada pelas Forças Democráticas da Síria é a única daquele país que tem instituições democratizadas, com igual representação para os diferentes grupos étnicos e religiosos e ainda paridade entre sexos nos lugares de responsabilidade. Começou por se opor ao regime sírio, no início da guerra civil, há dez anos, mas com o surgimento do Estado Islâmico formou-se um pacto de não-agressão entre as duas forças que tinham nos jihadistas um inimigo comum.
A Turquia, porém, acusa as milícias curdas do nordeste da Síria, nomeadamente o PYD, de serem aliadas do PKK, o Partido dos Trabalhadores Curdos, que ao longo das últimas décadas tem levado a cabo uma insurreição contra o Estado turco. Supostamente para evitar que os curdos da Síria se infiltrassem e destabilizassem a Turquia, Ancara invadiu e ocupa uma faixa de terreno junto da fronteira entre os dois países.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, desde 2019, Ancara prendeu e devolveu aos países de origem 2.764 “terroristas estrangeiros”, como os classifica, de 67 nacionalidades.
Desse total, 222 deportados provinham de 11 países da Europa Ocidental, com a França (66), Alemanha (57) e Países Baixos (52) a liderarem a lista.
No entanto, o ritmo de deportações para os países europeus tem vindo a baixar nos últimos anos – 117 em 2019, 95 em 2020 e, desde o início de 2021 apenas 12.
No comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco assinala que todos os que acabaram por ser deportados tinham-se já filiado em “organizações terroristas, como o EI ou o PKK/PYD”.
Embora o comunicado não pormenorize os dados, há a perceção de que o fluxo de combatentes estrangeiros para as fileiras do Estado Islâmico sempre foi muito maior.
O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, garantiu em novembro passado que foram deportados cerca de 9.000 combatentes estrangeiros desde o início do conflito sírio em 2011.