Na segunda-feira passada, a Renascença noticiou que o Irão executou o segundo preso detido na onda de protestos antigovernamentais que se regista em inúmeros locais daquele país. A primeira execução acontecera cinco dias antes.
As mortes de manifestantes pela polícia iraniana são muitas mais, estimando-se que ultrapassem largamente a centena. A repressão contra os manifestantes no Irão inclui também espancamentos e alegadas violações de raparigas e mulheres.
Perante a brutalidade da repressão, é notável que os protestos continuem – praticamente não passa um dia sem que protestos reúnam manifestantes numa qualquer localidade do Irão.
As autoridades iranianas (políticas e religiosas, pois naquela teocracia elas coincidem) alegam que por trás dos protestos estarão governos estrangeiros. Mas não apresentaram quaisquer provas desse pretenso envolvimento externo.
A revolta das iranianas e de uma parte dos iranianos é uma luta contra a opressão e pela liberdade, o que só alcançarão com uma mudança do regime teocrático que vigora no Irão desde há 43 anos, com a autodenominada República Islâmica.
A notícia de que a “polícia da moralidade” tinha sido suspensa ainda não foi confirmada. Entretanto, muitas mulheres deixaram de usar o véu islâmico, que é considerado um símbolo do regime. Seja como for, a luta dos que protestam no Irão não se limita a recusar a obrigatoriedade do uso do véu.
No plano externo o Irão suscita preocupações. A probabilidade de o Irão vir a possuir em breve armas nucleares alarma países vizinhos, desde Israel à Arábia Saudita.
E a venda de “drones” iranianos à Rússia, para esta destruir alvos civis e infraestruturas energéticas na invadida Ucrânia, é uma realidade incómoda. Israel ameaça um ataque preventivo ao Irão para afastar o perigo nuclear.
Em suma, o Irão é hoje uma fonte de violência interna e externa. Um problema que só os iranianos poderão resolver.