O antigo ministro da Educação Nuno Crato considera que, a médio prazo, o problema central da educação em Portugal será “a formação, seleção e promoção dos docentes”.
“No fim desta década, vamos ter mais de metade dos professores a sair por reforma e vamos precisar de preencher esses lugares, de renovar a classe docente. Era fantástico que essa renovação fosse feita com professores pelo menos tão bons como temos neste momento”, diz Nuno Crato.
“Infelizmente não me parece que as coisas estejam a caminhar nesse sentido”, acrescenta.
Nuno Crato prestou declarações à Renascença a propósito da divulgação do relatório sobre educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O documento conclui, entre outros, que as escolas em Portugal estiveram mais dias de portas fechadas do que a média dos países da OCDE.
A publicação sublinha que os alunos do 3.º ciclo foram aqueles que ficaram mais tempo sem entrar na escola: 97 dias. Mais cinco do que a média dos 37 países da OCDE.
Contactado pela Renascença, o Governo alude a “uma imprecisão” do documento neste detalhe, mas no que diz respeito ao secundário. “O número de dias de ensino à distância atribuídos ao Ensino Secundário em Portugal apresenta uma imprecisão. No Ensino Secundário, houve 78 dias de aulas nos 11.º e 12.º anos, ou seja, para a esmagadora maioria dos estudantes deste nível de ensino. 92 dias foi somente no caso do 10º ano de escolaridade”, diz a nota do Ministério.
A mesma nota recorda ainda “que o Ministério da Educação promoveu ainda a extensão significativa, em várias semanas, do calendário escolar nos dois anos letivos para permitir a compensação dos dias de ensino à distância”, medidas que, diz o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues “não é considerado na análise feita pela OCDE”.