“É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor”, disse esta quinta-feira o Papa aos cardeais e colaboradores que trabalham na Cúria romana.
No encontro natalício deste ano, o Santo Padre alertou para a dificuldade “em transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu”. E deixou um conselho: “quando o serviço que realizamos corre o risco de nos entediar, de «labirintar» na rigidez ou na mediocridade, quando nos encontramos emperrados nas redes da burocracia e da insignificância, lembremo-nos de olhar para o alto, recomeçar a partir de Deus, deixar-nos iluminar pela sua Palavra, a fim de encontrarmos sempre a coragem para partir de novo.”
O Papa lamentou que “à distância de sessenta anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre «progressistas» e «conservadores», quando a diferença central está entre «apaixonados» e «habituados». Esta é a diferença. Só caminha quem ama. É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor. É preciso coragem para amar”.
Saber ouvir e escutar o outro, “sem preconceitos, com abertura e sinceridade” é igualmente decisivo para Francisco: “Escutar «de joelhos» é o melhor modo para escutar de verdade, pois significa que estamos diante do outro, não na posição de quem pensa que sabe tudo, de quem já interpretou as coisas ainda antes de as ouvir, de alguém que olha de cima para baixo, mas ao contrário abrindo-nos ao mistério do outro, prontos a receber humildemente tudo o que ele nos quiser dar”, afirmou.
O Papa pediu também aos cardeais e seus colaboradores para praticarem o discernimento “que nos despoja da pretensão de já saber tudo, do risco de pensar que basta aplicar as regras, da tentação de proceder, na própria vida da Cúria, repetindo simplesmente esquemas, sem considerar que o Mistério de Deus sempre nos supera e que a vida das pessoas e a realidade que nos rodeia são e sempre permanecerão superiores às ideias e teorias”. Porque “a vida é superior às ideias. Sempre”.