O presidente do PSD acusou este domingo o primeiro-ministro e o PS de "castigarem ainda mais a classe média" se "chumbarem" as propostas de redução do IRS dos sociais-democratas, antecipando que António Costa será "habilidoso" nessa recusa.
No encerramento da 19.ª edição da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide (Portalegre), Luís Montenegro voltou ao tema que marcou a Festa do Pontal do partido, a meio de agosto, e na qual apresentou cinco propostas ao nível do IRS, incluindo uma redução ainda este ano das taxas do IRS em todos os escalões, à exceção do último, que seria financiada pelo excedente da receita fiscal.
"Ainda esta semana, até 31 de julho, o Estado cobrou a mais 4.500 milhões de euros de impostos do que no ano passado. A previsão era de 2.300 milhões de euros, há uma almofada, há um excedente à volta dos 2.200 milhões de euros", afirmou.
Como o PSD calculou que a baixa de IRS que defende tem um custo de 1.200 milhões de euros, Montenegro deixou um aviso.
"Se o dr. António Costa e o PS não aprovarem esta proposta, o dr. António Costa e o PS estão simplesmente a castigar ainda mais a classe média portuguesa", disse.
O líder do PSD antecipou até como será feita essa recusa: "Vão dizer que vão descer mais os impostos do que o PSD queria para o ano, no qual até há eleições europeias".
"Mas isso é conversa fiada, porque a folga de que falamos é de 2023, os impostos que queremos baixar são em 2023 e há condições para o fazer de forma imediata", disse.
Nesta matéria, apelidou ainda o primeiro-ministro de habilidoso, lamentando que, muitas vezes, esta característica seja confundida com ser "um político hábil".
"É de um habilidoso o que ele vai fazer: não vai aceitar a proposta do PSD e vai dizer ao país que para o ano vai fazer uma ainda maior. Mas o PSD está a propor para este ano e para o ano proporá para 2024", disse.
Além dos impostos, Montenegro dedicou também parte da sua intervenção à habitação, defendendo que o pacote do Governo - "vetado e muito bem pelo Presidente da República" -- "não tem um único apoiante de relevo na sociedade portuguesa".
"Digam-me um, digam-me um português com intervenção de relevo na área que diga que está aqui um programa como deve ser", criticou.
O líder do PSD considerou que o veto do Presidente da República foi até "uma oportunidade" para o Governo corrigir o diploma, lembrando que, nesse mesmo dia, se disponibilizou a colocar a equipa que fez as propostas sociais-democratas para o setor a trabalhar com o executivo e a "construir uma reforma do mercado da habitação para década e meia". .
"Qual foi a resposta do PS? Vamos confirmar no parlamento o que o Presidente da República rejeitou. Isto tem dois nomes: arrogância e um que é ainda pior, é mesmo perder o futuro", criticou.
Antes, o líder da JSD, Alexandre Poço, tinha desafiado o primeiro-ministro a demitir a ministra da Habitação.
"Se a sua ministra não consegue garantir mais casas, então comece a pensar que é hora de desalojar Marina Gonçalves do Ministério da Habitação", desafiou.
O líder da JSD vai também propor ao partido que adote uma proposta de oferecer "cheques-bebés" de oito mil euros, metade pagos na altura do nascimento e outra metade aos 18 anos.