JMJ. Médicos de Santarém denunciam falta de plano de contingência no hospital
24-05-2023 - 16:12
 • Teresa Paula Costa

Hospital de Santarém tem apenas 17 internistas para 172 camas e serviço de urgência. Aproximação de férias torna cenário “preocupante”, diz Ordem dos Médicos.

O presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos manifestou esta quarta-feira preocupação face à ausência de um plano de contingência do Hospital de Santarém para a vinda do Papa e a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

“Manifesto aqui a minha preocupação porque constato, mais uma vez, que não está a ser acautelada aquilo que vai ser a nossa realidade nos próximos três meses, sendo que temos aí pelo meio a visita do Papa e, pelo que eu percebi, não há plano nenhum de contingência para quem está nos limites da cidade”, disse Paulo Simões, no final de uma visita ao Hospital de Santarém.

À região vão chegar milhares de pessoas que vão participar nos “Dias nas Dioceses” que decorrerá de 26 a 31 de julho, antecedendo a realização da JMJ, em Lisboa.

Apenas 17 internistas para o hospital inteiro

Dos 40 médicos de medicina interna que já chegaram a trabalhar no Hospital de Santarém, apenas 17 estão hoje ao serviço.

O problema não é de hoje, mas “está a chegar a uma situação-limite” que deixa preocupada a Ordem dos Médicos, relativamente ao que vai acontecer nos próximos três meses, altura de férias de verão.

Já no início deste mês, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) tinha denunciado que 80% dos médicos de Medicina Interna do Hospital Distrital de Santarém (HDS) tinham entregado minutas de escusa de responsabilidade, dadas as "situações muito preocupantes" que se vivem naquele serviço.


O Hospital de Santarém reconheceu reconheceu este quadro, afirmando ser "transversal aos hospitais do SNS" e que, apesar dos esforços, não conseguiu alterar até ao momento.

Paulo Simões fala em “falta de atratividade” da região e do próprio hospital para fixar médicos. Uma realidade que se estende também aos enfermeiros.

“Há médicos que ainda vestem a camisola, mas são poucos, e vai chegar um dia em que vão tirar a camisola, porque dizem ‘não aguento mais, vou à procura de alternativa, seja ela qual for, porque não aguento mais este serviço’”, lamentou o cirurgião, no final da visita desta quarta-feira.