O rei Abdullah II da Jordânia advertiu esta terça-feira contra qualquer tentativa de transferir refugiados palestinianos para o reino e para o Egito, afirmando tratar-se de uma "linha vermelha" que não será ultrapassada.
"Esta é uma linha vermelha (...) não há refugiados para a Jordânia e também não há refugiados para o Egito", afirmou durante uma conferência de imprensa em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
O chefe do Governo alemão, que viaja ainda esta terça-feira para Israel, disse que Telavive tem o direito de se defender e pode contar com o apoio da Alemanha.
A Jordânia faz fronteira com a Cisjordânia, cuja parte não ocupada por Israel é governada pela Autoridade Nacional Palestiniana, e o Egito tem uma pequena fronteira com Gaza, controlada pelo grupo islamita Hamas desde 2007.
"Esta é uma situação que tem de ser resolvida em Gaza e na Cisjordânia. E não têm de a resolver nos ombros dos outros", disse o monarca jordano, citado pela agência norte-americana AP.
A atual guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do grupo islamita em território israelita, em 7 de outubro, que provocou mais de 1.400 mortos.
Desde então, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza, com um saldo de mais de 2.800 mortos.
Abdullah II disse que irá discutir o conflito na quarta-feira, em Amã, com o Presidente norte-americano, Joe Biden, que se deslocará à Jordânia depois de conversações em Israel.
Biden vai encontrar-se na capital jordana com os líderes do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, além de Abdullah II, anunciaram as autoridades norte-americanas.
"Temos de juntar palestinianos e israelitas para pensar no futuro, caso contrário a espiral de violência continuará", disse Abdullah II, segundo o diário jordano Addustour.
O monarca disse que se vivem tempos difíceis e lamentou a perda de "milhares de vidas inocentes, tanto palestinianas como israelitas".
Referiu haver mais vidas em risco na Faixa de Gaza, cuja população "não tem acesso a alimentos, água, eletricidade e outros serviços básicos".
Para o rei jordano, tais privações são uma situação "inaceitável a todos os níveis, tanto do ponto de vista legal como humanitário".
Abdullah II advertiu que a região "está à beira do abismo" e que o risco de uma expansão da guerra "é real".
"As consequências seriam duras para todos", afirmou, segundo o diário jordano Al Rai, citado pela agência espanhola Europa Press.
A Faixa de Gaza, com 2,3 milhões de habitantes, está cercada por Israel, que tem em preparação uma possível ofensiva terrestre para tentar derrotar o Hamas.
O grupo islamita é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE).