Os bispos portugueses reiteraram esta quinta-feira que têm “todo o interesse em colaborar” com a Comissão Independente que está a investigar os abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis na Igreja. A posição foi reafirmada no final da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorreu em Fátima.
A comissão, liderada pelo psiquiatra Pedro Strecht, foi recebida pelos bispos, que foram informados do “trabalho realizado até ao momento”. Esteve igualmente presente a equipa de historiadores e arquivistas.
Em conferência de imprensa o presidente da CEP comentou as alegadas recusas de alguns bispos em colaborar com a Comissão Independente, garantindo que “ninguém se recusou” a responder. D. José Ornelas lembrou que o prazo estipulado apontava para a fase posterior à assembleia plenária, que terminou esta quinta-feira, e garantiu que tem havido comunicação com a Comissão Independente.
“Temos contactos sobre o andamento do trabalho da Comissão, mas a informação não está a ser passada dia a dia. Achamos que deve ser dada autonomia à Comissão, o que significa que não somos nós a gerir dia a dia esses resultados”, afirmou, acrescentando: “estar a dizer que há indícios de encobrimento, parece-me descabido”.
CEP pede que não se faça justiça na praça pública
Sobre os 16 casos de abuso denunciados pela Comissão Independente ao Ministério Público, o presidente da CEP disse que aguarda com “serenidade” a conclusão dos processos, e pediu que a justiça “não se faça na praça pública”.
No comunicado final da Assembleia Plenária, a CEP reafirma o “sentido pedido de perdão” às vítimas de abuso e o seu “empenho em ajudar a curar as feridas”, e agradece “a quem se aproximou para contar a sua dura história”.
O padre Manuel Barbosa, porta-voz da CEP, voltou a reafirmar o compromisso de todas as dioceses na disponibilização do acesso aos arquivos eclesiásticos à comissão independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.
“Quanto ao estudo dos arquivos históricos, a Conferência Episcopal Portuguesa e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal reiteram todo o interesse em colaborar com a Comissão Independente e a Equipa por esta designada, respeitando a Lei Civil, a Lei Canónica e o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados”, disse o sacerdote.
Questionado sobre a possibilidade de se abrirem exceções ao segredo de confissão, para revelar casos de abuso de menores, D. José Ornelas disse que “nunca está, nunca estará em questão”. “O segredo de confissão nunca vai ser posto em causa e isso é muito claro para toda a Igreja”.