A Academia de Ciências de Lisboa apresentou um dicionário da Língua Portuguesa atualizado, esta quinta-feira.
Este dicionário vai ficar acessível a todos, de modo aberto e digital.
O Explicador Renascença analisa as principais novidades.
De quantas novas palavras é que estamos a falar?
Cerca de 30 mil, que podem ser encontradas na versão digital do novo dicionário de Língua Portuguesa.
A última atualização tinha sido feita em 2001, daí serem tantas.
E porque a língua está em constante mudança, o dicionário abriu-se a novos termos.
Há palavras relacionadas com a pandemia?
A partir da Covid-19 surgiram palavras como "Covidário", que é o local destinado a atender doentes infetados com o vírus.
Também “confinamento”, a obrigação de permanecer num determinado espaço, e "covidiano" ou "covídico", pessoa que tem a doença.
Que outras termos surgiram por arrasto de outros fenómenos globais?
Por exemplo, “desnazificação” que passou a figurar no dicionário na sequência da invasão da Ucrânia, pela Rússia, ou, ainda, o adjetivo “russo-ucraniano” para referir a guerra.
E sabemos que neste conflito há muita contra-informação, ou seja, “pós-verdade”, que se destina a explicar o facto de se dar mais valor a notícias baseadas na distorção do real e da verdade.
Outro conceito que ganhou popularidade nos contextos da política, da pandemia e das alterações climáticas, foi o “negacionismo”, que está explicado como comportamento de pessoa que rejeita ou não reconhece uma verdade, que nega a realidade.
Que palavras novas surgiram a pensar no ambiente?
Para além de negacionismo, o dicionário inclui "eco-ansiedade", que está explicado como uma perturbação que consiste no medo, na angústia, na incerteza relativamente ao futuro e face às alterações climáticas
Outra palavra agora incluída é "eco-turismo", que é a atividade turística cujo objetivo é o incentivo à preservação de recursos naturais.
Há significados que tiveram de ser revistos ou atualizados?
Sim, como "unicórnio", da mitologia para o conceito empresarial, que significa empresa nova ou em fase inicial de desenvolvimento avaliada em mil milhões ou mais, geralmente de setores da tecnologia da informação.
A revolução digital obrigou a atualizar o significado de outros termos, como “imersivo”, que faz mergulhar ou que propicia ao utilizador a vivência de uma realidade virtual, como se esta fosse real.
Nesta atualização foram abandonados alguns dos estrangeirismos?
Sim, foram eliminadas algumas palavras que têm substituto em português, pelo que não faz sentido serem utilizadas.
É o caso de "maquillage", do francês, quando temos a palavra "maquilhagem", "ice cream" para "gelado" ou "volley" para a versão portuguesa "vólei".
São exemplos de estrangeirismos considerados desnecessários e que saíram do dicionário.
E quais palavras estrangeiras é que foram incluídas?
Temos novos empréstimos linguísticos, que se tornaram presença permanente na nossa língua, como por exemplo, "startup", "streaming", "podcast", "bullying" e até "marketing".
Este último é um termo utilizado há muitos anos, mas só agora foi incluído no dicionário, o termo em português seria "mercadologia", mas os académicos chegaram à conclusão que não fazia sentido usar.
Outro estrangeirismo muito usado entre nós é ”selfie” e, agora, já está incluído no novo dicionário.