A definição de quotas obrigatórias para o acolhimento de refugiados pelos Estados-membros da União Europeia marcará, esta segunda-feira, o conselho extraordinário de ministros da Justiça e Assuntos Internos em Bruxelas.
Entre os que já recusaram a definição de quotas propostas pela UE estão os países do grupo de Visegrado - Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia e a Dinamarca, que como o Reino Unido e a Irlanda, pode excluir-se da política de asilo da UE.
Por seu lado, o Governo da Finlândia anunciou estar disposto a receber um total de 2.400 refugiados, mas afirmou-se contra um sistema obrigatório de repartição de refugiados.
Caso continuem as cisões entre os países, uma cimeira extraordinária decorrerá ainda este mês, avisou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que espera um "sinal concreto e positivo de solidariedade e unidade".
No debate sobre o agravamento da crise migratória, que será presidido pelo titular das pastas da imigração e do asilo no governo luxemburguês, Jean Asselborn, Portugal será representado pela ministra da Administração Interna, Anabela Miranda Rodrigues.
O antigo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, disse à Renascença que as autoridades europeias estão a lidar da melhor forma com o fluxo migratório.
Na sua opinião, o receio de um eventual aproveitamento de terroristas desta vaga de migrantes não pode ser argumento para que a Europa não receba refugiados. “Os grandes atentados terroristas levados a cabo na Europa partiram de elementos radicalizados, que já viviam em países europeus. Estou certo que a grande maioria das pessoas que se metem a caminho não está a procurar a Europa para desenvolver actividades terroristas. Agora, no meio, pode haver um ou outro elemento, mas não é um perigo significativamente diferente daquele que todos os dias a Europa enfrenta”, explica.
Na semana passada, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou a apresentação de novas medidas de emergência para o acolhimento de um total de 160.000 requerentes de asilo chegados a Itália, à Grécia e à Hungria e uma proposta para a criação de um mecanismo permanente de acolhimento para futuras situações de crise.
Portugal deverá receber no total cerca de cinco mil pessoas.
O Parlamento Europeu já deu “luz verde” para o primeiro mecanismo de relocalização de emergência de 40 mil requerentes de asilo da Itália e da Grécia para outros Estados-membros da UE, que será aplicável durante dois anos.