A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) queixou-se esta terça-feira de ainda não ter recebido qualquer proposta escrita do Ministério da Saúde, no dia em que iniciam dois dias de greve nacional, com uma adesão de 85% até ao momento.
Em manifestação frente ao Ministério da Saúde estiveram esta tarde cerca de 300 médicos, que protestam contra o aumento salarial de 5,5% proposto pelo governo e queixam-se de que o suplemento de 500€ para os médicos em urgências aumenta a desigualdade no setor principalmente para os médicos internos.
A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, lamenta que o sindicato tenha deixado de confiar nas palavras do ministro da Saúde, Manuel Pizarro.
“Habituamo-nos a não confiar nas palavras do senhor ministro. Precisamos de ver esses documentos para ver se incorporam as soluções que a FNAM tem para o Serviço Nacional de Saúde e só então, eventualmente, poderemos chegar a um acordo”, afirma, fazendo um balanço da paralisação até ao momento.
“Temos muitos bloco operatórios encerrados, como em Viana do Castelo, no Hospital de Santo António, no Hospital de Penafiel, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra só teve duas salas a funcionar em 12, no Hospital de Leiria e no Sul temos muitas unidades de saúde familiares encerradas”, aponta.
A presidente da FNAM deixa ainda um aviso ao Governo e ao Ministério da Saúde: “Se nada for feito, tememos que vão ser meses difíceis, vão-se encerrar serviços de urgência, de cuidados intensivos, e se acontecer alguma fatalidade a responsabilidade será única e exclusiva do ministério de Manuel Pizarro e do governo de António Costa.”
Joana Bordalo Sá adianta ainda que, ao contrário do que diz o primeiro-ministro, “os utentes têm o direito a virem ao serviço de urgência, com toda a qualidade e atenção que merecem”.
A paralisação acontece cinco dias depois de os sindicatos se terem reunido com o Ministério da Saúde e de estar marcada uma nova ronda negocial para a próxima quinta-feira.
O descontentamento dos médicos tem sido manifestado com greves e com a entrega, por cerca de 2.500 clínicos, de minutas de declarações de dispensa ao trabalho extraordinários além das 150 horas anuais obrigatórias, que tem provocado constrangimentos nos serviços de urgência de vários hospitais do SNS.