Santana Lopes, que há uma semana disse estar disponível para uma eventual candidatura a Belém em 2026, está convencido de que foi ele o responsável pelo anúncio de Luís Marques Mendes, na SIC, de que também está disponível para se candidatar à presidência da República.
“Como alguém dizia ontem no Twitter, eu agitei águas há uma semana, porque disse algo do mesmo tipo na SIC, e uma semana depois, uns dias depois, veio esse anúncio do comentador Luís Marques Mendes”, afirma à Renascença.
Santana diz que esta era uma notícia já aguardada. “Era algo já esperado, todos nós já esperávamos, aquelas tentativas dominicais de uma receita que já se conhece: sugerir livros, enviar saudações para todo o país e para todo o mundo, com todo o respeito, mesmo para os vencedores do torneio da petanca, lá numa terra mais recôndita do país.”
“Estou a ironizar, a brincar num tom ligeiro, mas claro que o assunto é sério. Trata-se de pré-candidaturas à presidência da República”, enfatiza.
No domingo, Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário no jornal da noite da SIC, disse ao país: "Se eu vir que tem alguma utilidade uma candidatura minha, e que tenho o mínimo de condições para o concretizar, sou franco: tomarei essa decisão."
Questionado por Clara de Sousa sobre se o regresso do comentador e ex-líder do PSD à Festa do Pontal, que marca a rentrée política do partido, significaria um futuro apoio de Luís Montenegro a uma candidatura sua a Presidente da República, Marques Mendes foi perentório:
"Nunca na minha vida falei com Luís Montenegro sobre eleições presidenciais, não há nada a falar, não há qualquer acordo."
Santana reforça que esta era uma situação em que “a pescada antes de o ser já o era”.
“Já todos sabíamos que ele tinha esse propósito, essa intenção, passe a presunção, julgo que agora foi também provocado um pouco pelo facto de eu o ter dito”, repetiu. “Ele quis dizer o mesmo [agora], quando tinha dito há umas semanas que ele e a doutora Ana Gomes só para o ano falariam de presidenciais”, recorda.
“Portanto, teve de acelerar o passo. Mas isso acontece-nos frequentemente na política. Acontece-nos a todos.”
Em relação a outras possíveis candidaturas no espectro do centro-direita português, Santana diz acreditar que Paulo Portas avance, mas não crê que Durão Barroso o faça. “Paulo Portas sim, o outro [Durão Barroso] não creio de todo.”
Vaticina que a exemplo do que já acontece, por exemplo, em França possam aparecer várias candidaturas de centro-direita, “cinco ou seis candidatos representativos que possam disputar a passagem à segunda volta”.
O antigo primeiro-ministro considera que, daqui a quatro anos, várias candidaturas podem ser melhores do que só uma que agregue a família política em que se inserem. “Nunca gostei de candidaturas únicas”, esclarece.
“Acho que na primeira volta se discutem as várias opções e o povo escolhe”, defende. Ao mesmo tempo, acredita Santana Lopes, “o fantasma de um candidato único de esquerda que vence na primeira volta” não vai concretizar-se.
“Alguns candidatos [de centro-direita] terão capacidade de conquistar votos à esquerda, e, portanto, impedir mesmo que só haja um candidato de esquerda que tenha a maioria à primeira volta”, prognostica, acreditando que em 2026 haverá duas voltas na corrida para Belém.
Santana diz que as próximas eleições para Presidente da República vão ser muito exigentes, porque escolher o sucessor de um Presidente como Marcelo Rebelo de Sousa, “quer se queira, quer não, marca um tempo completamente novo no sistema de governo português e em relação ao papel do Presidente”.
“Um Presidente muito próximo do povo, inteligente, sabedor e com capacidade, sabendo estar em todos os areópagos nacionais e internacionais”, descreve.
Marcelo, segundo o ex-líder do PSD, pautou-se por ser “um Presidente amigo do povo”, e isso “é algo muito importante”, porque marca o fim de uma era de “presidentes pomposos, distantes do povo”.
Em relação aos possíveis adversários, entre os quais estão Marques Mendes, Paulo Portas e Durão Barroso, confessa que nenhum destes nomes levaria Santana a recuar.
“Nunca, pelo contrário, mobilizar-me-iam e reforçariam a minha vontade, porque são bons adversários, não têm o mesmo percurso que eu nas características, nem sequer as mesmas ideias que eu tenho do que deve ser o futuro do país”, sublinha.
“E eu falo por aquilo que cada um demonstrou até hoje. Tenho muita obra no terreno, muita experiência concreta de ligação às populações e vários setores na cultura, no desporto, nas autarquias, no governo central, algo que falta, como é sabido, por exemplo, a esses dois candidatos [Paulo Portas e Durão Barroso]”, compara-se.
O único que faria Santana Lopes repensar a vontade de ser candidato a Presidente da República seria Pedro Passos Coelho.
“Não posso deixar de referir o nome dele por uma questão de respeito. É uma pessoa com muita obra feita, muito trabalho feito, muito respeitado e, portanto, se fosse candidato, provavelmente alguns de nós sentir-se-iam bem representados por uma candidatura dele”, confessa.
“Concorrer contra ele não seria um cenário previsível, a não ser que nos distanciássemos por alguma causa importante”, revela.
Em relação à possibilidade de Pedro Passos Coelho avançar, Santana interpreta as conversas que tem mantido com o ex-primeiro-ministro no sentido de este não ter essa vontade, apesar de ressalvar que o mesmo nunca assumiu taxativamente que não quer ser Presidente da República.