A nova direção da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) foi eleita esta sexta-feira, no segundo e último dia da assembleia geral deste organismo. Foi eleito presidente o Superior da Sociedade Missionária da Boa Nova, padre Adelino Ascenso, e como vice-presidente a irmã Ângela Coelho. Médica e atual responsável pela Congregação da Aliança de Santa Maria, é também a vice-postuladora para a Causa da Beatificação e Canonização da irmã Lúcia.
A direção da CIRP integra mais três vogais (duas religiosas, Célia Cabecinhas e Alzira Ferreira, e o padre Rui Santiago), e o conselho fiscal mais duas irmãs (Maria Conceição Fernandes e Maria de Fátima Machado), e o irmão António Leal Jorge como secretário.
No comunicado final do encontro, que decorreu em Fátima, a CIRP reafirma “o compromisso sério e decidido” de todos os que a compõem “no âmbito da proteção e cuidado de menores e adultos vulneráveis”.
“Repetimos o nosso compromisso com as pessoas vítimas de abusos sexuais e de todas as outras formas de abuso, unindo-nos à sua dor, que fazemos nossa e comprometendo-nos a dar-lhes sempre mais voz, lutando a seu lado para que tenham mais vez”, indica o texto enviado à Renascença, no qual a CIRP volta a elogiar a criação, a pedido da Conferência Episcopal, do novo grupo liderado pela psicóloga Rute Agulhas, e que a partir de agora vai acolher as denúncias e apoiar as vítimas. “Acreditamos que o Grupo Vita será uma excelente parceria neste esforço, juntamente com todos os outros recursos de construção e comunhão que nos sentimos chamados a valorizar”, refere o comunicado.
17 suspeitos de abuso em 10 institutos
A questão dos abusos sexuais dominou o primeiro dia de trabalhos da assembleia geral da CIRP, que recebeu a lista suspeitos nas suas instituições. Foram identificados 17 alegados abusadores em dez Institutos de Vida Consagrada.
Dez dos suspeitos já morreram, mas há dois no ativo: um pertence às Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima e o outro à Ordem dos Frades Menores (Capuchinhos). Ainda de acordo com a informação disponibilizada, quatro já não estão no ativo e um nome é desconhecido.
A lista vai ser analisada por cada congregação, para se avançar depois com as medidas civis e canónicas previstas, mas a CIRP, no seu todo, manifestou-se disponível para “acolher as vítimas” e assegurar que “não faltará o adequado apoio, seja ele psicológico, psiquiátrico, jurídico, financeiro ou espiritual”, garantindo ainda colaboração total em tudo o que venha a ser feito e proposto pelo novo grupo que vai acompanhar as denuncias de abuso.
Em Fátima, logo após ter ido entregar a lista à CIRP, Pedro Strecht – que liderou a Comissão Independente responsável pelo estudo dos abusos na Igreja – salientou a abertura que sentiu por parte dos representantes das congregações para um futuro diferente na Igreja.
Este segundo dia de trabalhos foi mais centrado nos assuntos internos da CIRP, com a presidente cessante, irmã Graça Guedes, a fazer o balanço do mandato dos últimos três anos, que ficou marcado pela pandemia, pela guerra na Ucrânia e pela investigação aos abusos.
No novo mandato, até 2026, os Institutos Religiosos comprometem-se a “colaborar na construção e promoção de uma cultura do cuidado, nomeadamente através da prevenção e formação a vários níveis” dos seus agentes; pretendem também participar mais na pastoral da juventude e das vocações, “de modo a aproveitar a JMJ (que seja um processo e não um evento) para aproximar os jovens da Igreja”; vão reforçar a formação de leigos e religiosos para as Missões, e apostar mais na comunicação, com a criação de uma assessoria que faça a ponte com os media.