O ar limpo é uma necessidade essencial para todos. Não é apenas um luxo.
E apesar da melhoria da qualidade do ar na Europa, a poluição continua a ser uma enorme preocupação, especialmente nos grandes centros urbanos.
Há 130 cidades europeias onde os padrões de qualidade do ar são ultrapassados.
E a culpa é da indústria, da produção de energia, do aquecimento, do impacto das actividades agrícolas.
Só que, analisados os números à lupa, estas são as causas menores da degradação do ar que respiramos.
Quase metade das emissões que sujam o nosso ar (46%) vêem dos transportes.
E não vale a pena assobiar para o lado.
Vêem do seu e, já agora – mea culpa - do meu automóvel.
Utilizamos o carro todos os dias para levar os miúdos à escola, para as deslocações casa-trabalho, trabalho-casa.
O perfil do automobilista português, recentemente apresentado pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP), revela que há mais de 6,5 milhões de condutores diários nas estradas portuguesas.
E num ano, um condutor português completa uma média de 9.000 quilómetros ao volante.
Cada agregado familiar português tem, em média, dois automóveis.
E três em cada cinco veículos ligeiros em Portugal tem motor a gasóleo. Híbridos e eléctricos são apenas 2%.
E o diesel é o mais sujo de todos os combustíveis.
E não é preciso recorrer a macacos para testar as consequências da exposição às partículas de monóxido de azoto e enxofre que respiramos diariamente nas nossas cidades, sobretudo as que movimentam mais tráfego, seja no IC19, na VCI, na A5 ou na Avenida AEP, seja nos Restauradores, no Rossio ou na Avenida dos Aliados.
Viver nas duas maiores cidades do país é uma condição de risco para a nossa respiração.
E, apesar da situação portuguesa até nem ser das mais alarmantes em relação a outras capitais ou grandes cidades europeias, vale a pena reter este dado (quanto mais não seja para criar consciência para o problema): em 2017, a má qualidade do ar matou 400 mil europeus. Mortes prematuras. Mortes evitáveis.