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O anúncio surgiu este sábado de manhã da voz da própria ministra da Saúde: a partir de agora, é tido como curado qualquer doente infetado com Covid-19 que, estando em isolamento em casa e não apresentando já sintomas, realize um teste negativo ao fim de 14 dias da infeção – sendo, por isso, e ao contrário do que acontecia até aqui, dispensado da realização de um segundo teste.
À Renascença, o pneumologista Filipe Froes, que é um dos autores desta nova norma, explicou-a em detalhe, lembrando que os doentes internados em hospitais continuarão a precisar de apresentar dois testes negativos.
"A mudança é apenas para os doentes que não necessitaram de internamento e que, portanto, se admite que tenham menor carga viral associada à menor expressão da doença. E que na ausência completa de febre e na estabilização clínica, com melhoria clínica dos sintomas durante mais de três dias consecutivos, só necessitam de um teste laboratorial negativo, realizado no mínimo 14 dias após o início dos sintomas, para apresentarem os critérios de cura microbiológica. Os doentes internados mantêm à mesma a necessidade de dois negativos no espaço de 24 horas para serem contabilizados recuperados”, explicou o pneumologista.
Também na conferência de imprensa sobre a pandemia do novo coronavírus em Portugal, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, reforçou que esta alteração metodológica resultou de “evidências científicas, das orientações das organizações internacionais e da experiência de outros países”. “Seguimos a literatura que saiu nos últimos dias, que indica que, se os sintomas melhoram e o teste deu negativo, é suficiente para assumir o negativo", explicou Graça Freitas.
Mas, afinal, qual é a razão e o objetivo desta alteração de procedimentos? Filipe Froes refere a “poupança” de testes. E explica a base cientifica da medida.
"Esta alteração baseou-se na evidência disponível, que demonstrou que estes doentes, na maior parte dos casos, já não iam ter qualquer impacto em termos transmissão da doença na comunidade. E isso justificou que outros países já o tenham feito. E, assim, nós poupamos um teste, que é transferido para quem mais necessita dele, que é quem precisa de fazer o diagnóstico e quebrar os riscos de transmissão na comunidade”, lembra.
Portugal regista hoje 880 mortos associados à covid-19, mais 26 do que na sexta-feira, e 23.392 infetados (mais 595), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Comparando com os dados de sexta-feira, em que se registavam 854 mortos, hoje constatou-se um aumento percentual de 3%.
Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, os dados da DGS revelam que há mais 595 casos do que na sexta-feira, respresentando uma subida de 2,6% A região Norte é a que regista o maior número de mortos (502), seguinda da região Centro (188), de Lisboa e Vale do Tejo (170), do Algarve (11), dos Açores (8) e do Alentejo que regista um morto, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira.
Em reação ao anúncio desta manhã, o arquipélago dos Açores já anunciou que vai continuar a declarar recuperação de doentes Covid-19 apenas após dois testes negativos.