Professores e investigadores do ensino superior admitem juntar-se aos protestos dos colegas de outros graus de ensino. O assunto vai ser colocado à discussão pelo novo presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup).
José Moreira, que assume o cargo este sábado, admite que o descontentamento da classe é grande e acusa a ministra Elvira Fortunato de nada ter feito desde que chegou ao Governo.
Este responsável diz à Renascença que “não tem havido avanços no processo negocial, não houve uma única reunião para além do encontro para preparar o calendário das negociações”.
Em cima da mesa negocial estão três questões legislativas que o SNESup considera fundamentais. São eles o regime jurídico das instituições de Ensino Superior, o regime jurídico para os docentes das universidade e politécnicos privados e cooperativos e o estatuto de carreira docente e de investigação.
José Moreira garante que “está tudo no mesmo estádio de quando e a ministra tomou posse, o que é uma grande deceção”.
Poder de compra dos docentes e investigadores caiu perto de 30% nas duas últimas décadas
Entre as reivindicações dos docentes e investigadores está a valorização dos salários. O novo líder do SNESup diz que nas últimas duas décadas, a perda de poder de compra está muito próxima dos 30%.
Pelas contas do sindicato, “desde 2004 até ao início deste ano, a classe perdeu entre 21% e 27% do poder de compra, ou seja, em cada quatro ordenados estamos a perder um vencimento”.
Combater a precariedade laboral é outra prioridade apontada por José Moreira, que anuncia que vai reiterar junto do Ministério do Ensino Superior, pedidos de reunião. Ao mesmo tempo, o SNESup está a promover uma petição pública com o objetivo de recolher 7.500 assinaturas para a submeter à discussão na Assembleia da República. Em causa os problemas que afetam o setor, que estão a provocar descontentamento.
“Há condições para que haja convergência” com colegas de outros ciclos de ensino
Nesta entrevista à Renascença, José Moreira admite, por isso, associar-se ao movimento de contestação em curso na educação, dizendo que “é provável que comece a haver algumas iniciativas conjuntas e a direção do sindicato, nas próximas semanas, colocará esta questão em cima da mesa para discutir com os associados”.
O novo líder do SNESup diz mesmo que “há condições para que haja alguma convergência neste movimento reivindicativo” iniciado pelos professores de outros ciclos de ensino.
José Moreira é professor auxiliar na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, foi eleito para presidir à direção do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP), para o biénio 2023-2025. Toma posse este sábado numa cerimónia na sede do sindicato, em Lisboa.