O Exército de Israel disse este sábado estar em "estado de prontidão para a guerra", após o Hamas ter disparado mais de cinco mil foguetes da Faixa de Gaza em direção ao território israelita durante a madrugada, antes de lançar uma operação no terreno. As autoridades israelitas dizem que foam disparados dois mil rockets desde a madrugada.
"Alguns terroristas infiltraram-se no território israelita vindos da Faixa de Gaza", adiantou o Exército em comunicado, pedindo a quem vive perto do enclave palestiniano que não saia de casa. "As Forças de Defesa de Israel vão defender os civis israelitas e a organização terrorista Hamas pagará um preço alto pelas suas ações."
Os disparos, a partir de vários locais da Faixa de Gaza, começaram antes das 06h30 locais (04h30 em Lisboa) e continuaram durante quase meia hora, antes de ter sido noticiada a presença de homens armados em cidades israelitas como Sderot.
O líder do Hamas já confirmou o início de uma operação batizada "Tempestade Al-Aqsa". Imagens a circular nas redes sociais mostram confrontos nas ruas de Sderot, no sul do território israelita.
O Governo de Benjamin Netanyahu vai reunir-se de emergência pelas 11h (hora de Lisboa), adianta a BBC. O Ministério da Defesa, sob a tutela de Yoav Gallant, já autorizou a convocatória de militares na reserva. O Canal 12 israelita adianta que há pelo menos 280 feridos em Israel, 30 deles em estado grave. O Hamas fala em pelo menos um morto e vário feridos em Gaza.
Na rede social X (antigo Twitter), o chefe da diplomacia da União Europeia (UE) disse que as autoridades comunitárias estão a seguir "com angústia" a situação no Médio Oriente.
"Seguimos com angústia as notícias vindas de Israel. Condenamos inequivocamente os ataques pelo Hamas. Esta violência horrenda tem de parar imediatamente. O terrorismo e a violência não resolvem nada", destacou Josep Borrell. "A UE expressa a sua solidariedade com Israel neste momento difícil."
Maior pico de tensões desde 2021
De acordo com os media palestinianos, uma série de israelitas terão sido capturados por elementos do Hamas. A Reuters adianta que vídeos a circular na internet mostram um veículo de combate israelita a ser destruído pelo grupo armado.
A polícia israelita adiantou entretanto que haverá pelo menos 60 militantes do Hamas presentes em território israelita, noticia o jornal local Haaretz, com a indicação de que prosseguem os confrontos no terreno.
A televisão israelita noticia que pelo menos sete comunidades israelitas já estão sob controlo do Hamas, incluindo Sderot, Nahal Oz, Kfar Haza, Magen, Sufa Beheri e o comando geral de Gaza.
Os ataques por ar e terra ocorrem após semanas de tensões ao longo da fronteira de Israel com Gaza e de pesados combates na Cisjordânia ocupada por Israel.
Pelo menos 247 palestinianos, 32 israelitas, um ucraniano e um italiano foram mortos desde o início do ano em atos de violência ligados ao conflito israelo-palestiniano, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais israelitas e palestinianas.
Estas estatísticas incluem combatentes e civis, incluindo menores, do lado palestiniano, e civis, incluindo menores e três membros da minoria árabe, do lado israelita.
Os episódios deste sábado marcam o maior pico de tensões no Médio Oriente desde os sangrentos confrontos entre Israel e o Hamas durante 10 dias em 2021.
Desde que o Hamas ocupou a Faixa de Gaza em 2007, já houve quatro guerras e vários episódios de violência na região, com duros impactos para os cerca de 2,3 milhões de residentes que vivem no enclave de 42 quilómetros quadrados.
Israel mantém o território sob bloqueio desde então, impedindo a movimentação livre de pessoas; infraestruturas crítícas de saúde, eletricidade, saneamento e outras praticamente colapsaram na última década e meia.
[atualizado às 9h53]