A socialista Ana Gomes diz que vai refletir sobre as eleições presidenciais.
A antiga eurodeputada do PS considera que o que se passou entre o Presidente da República e o primeiro-ministro durante a visita à Autoeuropa “foi muito grave”.
"Tão grave que eu, que tenho dito e continuo a pensar que o PS deveria ter um candidato próprio e também disse que não sou candidata, mas acho que neste momento todos os democratas temos de refletir nas implicações do que se passou, nas implicações que vai ter na democracia. Admito refletir, é isso que vou fazer", referiu.
"Isto tem consequências: haver um candidato do regime, que polariza a sociedade, faz o jogo da extrema-direita, é muito perigoso para a democracia".
Ana Gomes falava na SIC-Notícias a propósito das declarações do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, na Volkswagen Autoeuropa, na quarta-feira, manifestando a expectativa de regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República, já num segundo mandato, dando como certa a sua recandidatura e reeleição.
Segundo Ana Gomes, esta situação obriga a uma reflexão de toda a esquerda. A socialista repete que “não tem ambições de ser candidata”, mas que vai ter de refletir porque, em sua opinião, a situação é grave.
Enquanto militante socialista, Ana Gomes criticou António Costa por ter assumido uma posição sobre as presidenciais quando "não estava na qualidade sequer de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro" e observou que "a democracia não está suspensa", mas "parece que alguns pensam que está suspensa no PS".
Em seguida, criticou também o presidente do PS, Carlos César, pelas suas declarações ao jornal Público, em que remeteu o congresso previsto para este ano para depois das eleições presidenciais, acusando-o de falar com "uma leviandade paternalista insuportável".