O Papa defendeu, esta manhã, que uma vacina para combater a pandemia tem de chegar a todos. “Como seria triste se os mais ricos tivessem prioridade na vacina contra a Covid-19! Que triste seria se fosse propriedade de uma só nação e não de todos.”
Na habitual audiência das quartas-feiras, no Vaticano, Francisco disse que a pandemia acentuou a desigualdade entre ricos e pobres e que há quatro critérios-chave que os líderes não devem esquecer. “Que escândalo seria se toda a ajuda económica que estamos a ver - a maior parte com dinheiro público - se concentrasse em resgatar indústrias que não contribuem para a inclusão dos excluídos, a promoção dos menores, o bem comum ou o cuidado da criação”, enumerou.
Na biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa deu continuidade à sua série de catequeses dedicadas à pandemia.
“A exemplo de Jesus, médico do amor divino integral, isto é, da cura física, social e espiritual - devemos agir agora para curar as epidemias causadas por pequenos vírus invisíveis, e para curar as que são provocadas pelas grandes e visíveis injustiças sociais. Proponho que isto seja feito a partir do amor de Deus, colocando as periferias no centro e os últimos em primeiro lugar. A partir deste amor, ancorado na esperança e fundado na fé, será possível um mundo mais saudável.”
Segundo Francisco, esta crise acentuo a grande desigualdade que reina no mundo. E, diante deste quadro, é necessária uma dupla resposta: “Por um lado, é essencial encontrar uma cura para um pequeno mas terrível vírus que põe o mundo inteiro de joelhos. Por outro, temos de curar um grande vírus, o da injustiça social, desigualdade de oportunidades, marginalização e falta de proteção para os mais vulneráveis. Nesta dupla resposta de cura há uma escolha que, segundo o Evangelho, não pode faltar: é a opção preferencial pelos pobres.”
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 774.832 mortos e infetou mais de 21,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um último balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.