Um grupo de sete deputados portugueses está de visita a Taiwan, a "título pessoal" e autorizado pela Assembleia da República, segundo fontes parlamentares, numa altura em que visitas ao arquipélago por políticos ocidentais são fortemente criticadas pela China.
O grupo parlamentar do PS disse à Lusa que os deputados "não estão em representação do Parlamento nem dos grupos parlamentares", mas sim de "si próprios" e "a convite do governo de Taiwan".
Contactado pela Lusa, o grupo parlamentar do PSD disse apenas que a visita foi autorizada pelo Presidente da Assembleia da República, frisando que é feita "a título pessoal". .
As duas fontes confirmaram que a delegação é composta por quatro deputados do PSD (Paulo Rios de Oliveira, João Moura, Carlos Eduardo Reis e Helga Correia) e três do PS (João Castro, Norberto Patinho e Vera Braz).
Ao jornal Expresso, Paulo Rios de Oliveira, deputado do PSD e chefe da delegação, recusou a propósito da visita ao território cuja soberania a China reivindica mas que tem governo autónomo, ser "condicionado" por alguma "autoridade estrangeira" sobre o que "pode ou deve fazer".
A delegação deverá visitar centros tecnológicos e culturais e manterá reuniões com o vice-Presidente, membros do Governo e parlamentares da ilha, segundo a mesma fonte.
Contactado pela Lusa, Rios de Oliveira remeteu declarações para mais tarde.
Na passada semana, durante uma visita à ilha Terceira, nos Açores, o embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang, falou sobre o conflito de Taiwan, criticando a interferência estrangeira, em particular dos EUA.
"Os Estados Unidos também reconhecem uma só China, mas fazem algo que não é conveniente para uma só China. As atividades para destruir ou obstruir o desenvolvimento das relações internacionais são culpa dos Estados Unidos. (...) A parte chinesa opõe-se contundentemente", afirmou Zhao Bentang.
A Lusa procurou uma reação a esta visita por parte da embaixada da China em Lisboa, mas até à divulgação desta notícia não foi possível obter uma resposta. .
A China considera Taiwan uma província que faz parte do seu território e que pretende recuperar a qualquer momento, sem descartar o uso da força para tomar a ilha, que tem Washington como seu principal aliado.
Logo a seguir a uma visita da então líder da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, em agosto do ano passado, a China realizou uma série de exercícios militares, depois de a diplomacia de Pequim ter dito que Washington estava a "brincar com o fogo".
No início deste mês, a China voltou a responder com novos exercícios militares depois de o novo líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, ter recebido em Washington a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. .
A visita parlamentar portuguesa acontece uma semana depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter sugerido, durante uma viagem a Pequim, que a União Europeia deve ter uma posição própria sobre o conflito que opõe Taiwan às autoridades de Pequim, demarcada do posicionamento dos Estados Unidos.
"Nós, europeus, não devemos ser seguidores nem temos de nos adaptar ao ritmo norte-americano ou a uma reação exagerada chinesa", disse Macron, que defendeu uma maior "autonomia estratégica" em termos diplomáticos por parte de Bruxelas.