A eurodeputada do BE Marisa Matias classificou, este domingo, o governo do PSD na Madeira como "fraude e fiasco" e disse que o Partido Socialista "desertou da oposição", sublinhando ser importante concentrar o voto na "esquerda que conta".
"Há uma falta enorme do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional e ela sente-se sobretudo para quem é precário, para os jovens, para quem percebe que estamos a viver uma crise climática sem precedentes, para as mulheres que acreditam na igualdade, para as comunidades minoritárias", disse, reforçando que faz falta uma "oposição decente" no parlamento madeirense.
Marisa Matias falava no comício de abertura da campanha da candidatura do BE às eleições regionais de 24 de setembro, encabeçada por Roberto Almada, em frente à Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal. A iniciativa contou com a presença de cerca de duas dezenas de militantes e apoiantes do partido.
"Já toda a gente percebeu a fraude e o fiasco que é o governo no PSD na Madeira, seja com que rosto for, com que nome for, mas que governa este fiasco há 47 anos", afirmou a eurodeputada bloquista, realçando que as instituições europeias "já perceberam há muito tempo esse fiasco".
Marisa Matias disse que a região autónoma "tem sido um exemplo permanente do mau uso de fundos comunitários" e explicou que a manutenção do Centro Internacional de Negócios (zona franca) contribui para "desviar todos os anos milhares de euros de fundos comunitários".
"Para favorecer a especulação imobiliária e a fuga ao fisco, não há o dinheiro necessário para combater a pobreza, para dar resposta aos problemas da habitação e aos problemas reais das pessoas que aqui vivem", acusou.
Segundo a eurodeputada, o Governo Regional (PSD/CDS-PP) está também a "destruir zonas protegidas" com recurso a fundos comunitários que visam o combate às alterações climáticas e deu como exemplo o projeto de pavimentação da estrada das Ginjas, no norte da ilha da Madeira. .
A bloquista criticou também a posição de defesa dos vistos "gold" expressa pelo executivo madeirense, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, apesar da recomendação da União Europeia que aponta para a sua extinção em Portugal. .
"Na República, disfarça-se com algumas medidas de controlo que pouco beliscam a medida, mas, na Madeira, Albuquerque recusa essas pequenas medidas de controlo dos vistos 'gold' ", alertou.
"Aqui, na Madeira, pode haver uma selva total no que diz respeito à especulação imobiliária, uma selva total no que diz respeito à abertura das portas para a corrupção, porque Albuquerque está muito mais interessado em proteger esses interesses do que em proteger os interesses de quem aqui vive", reforçou.
Para o Bloco, este cenário decorre também do facto de não haver uma "oposição decente e consistente" no parlamento regional.
"As pessoas votam no Partido Socialista à espera de uma mudança que não vem", disse, para logo acrescentar: "Aqui, na Madeira, o Partido Socialista desertou da oposição".
Na assembleia, acrescentou, faltou oposição porque faltou o Bloco de Esquerda, "o único que pode fazer oposição a Albuquerque" com a garantia de que nunca apoiará um governo do PSD, "seja por ação, seja por omissão".
Treze candidaturas disputam no dia 24 os 47 lugares no parlamento regional: PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.