A UNICEF diz ser preciso "tomar decisões urgentes" sobre os abusos sexuais de crianças em Portugal, "realidade que é muito mais ampla do que aquela que acontece na Igreja".
Em declarações à Renascença, a diretora de políticas da Infância e Juventude da UNICEF Portugal, Francisca Magano, alerta para o facto de a violência sexual contra menores ser um fenómeno que não deve ser analisado caso a caso de modo a evitar "perder a visão através da criança".
"Desde 2019, o Comité dos Direitos da Criança diz ao Estado português, claramente, que é preciso adotar uma estratégia e responder a esta situação de abuso. E esta é uma oportunidade para refletirmos sobre a realidade, que é muito mais ampla do que aquela que acontece na Igreja, e tomar decisões urgentes."
É neste sentido que a responsável da UNICEF frisa que, "em Portugal, parece que ainda não temos a perceção da urgência deste crime, que afeta diariamente muitas crianças".
A partir desta terça-feira, a secção portuguesa deste organismo internacional de defesa dos direitos das crianças passa a disponibilizar um espaço online dedicado ao combate aos abusos sexuais de crianças em diversos contextos - familiar, escolar, desportivo, entre outros.
Entre as informações disponibilizadas na página, apresentam-se guias dirigidos aos pais, um curso online sobre como lidar com este tipo de situações e manuais com linhas orientadoras de ação, de maneira a combater esta forma de violência.
"Na UNICEF nós estimamos que uma em cada oito crianças no mundo foi abusada sexualmente antes dos 18 anos. E quando olhamos para os dados da Europa, estimamos que entre 10% a 20% das crianças são abusadas sexualmente na infância. Temos que efetivamente alertar para uma situação de violência muito grave", reforça Francisca Magano.