O vírus Monkeypox é frequentemente transmitido antes que os primeiros sintomas apareçam, sugere um estudo divulgado esta quarta-feira, cujos resultados ainda não foram confirmados mas que pode desempenhar um papel importante para gerir o surto de infeções.
A "transmissão pré-sintomática" do Monkeypox, cujos sintomas são caracterizados principalmente por erupções cutâneas, parece "considerável", segundo os autores deste estudo publicado no British Medical Journal (BMJ).
Este trabalho foi realizado no Reino Unido, um dos primeiros países onde o atual surto se espalhou.
Desde a primavera que surgiram muitos casos desta infeção na Europa, incluindo em Portugal e no continente americano, sendo que até então esta estava presente principalmente em vários países africanos.
Embora este surto, que atingiu quase 80.000 pessoas e causou cerca de trinta mortes, parece estar atualmente a diminuir, as autoridades de saúde permanecem vigilantes.
Para isso, é importante conhecer o risco de transmissão “silenciosa”, ou seja, durante o período de incubação e antes de o paciente ser atingido pelos primeiros sintomas.
Os autores do estudo, liderados pelo epidemiologista Thomas Ward, tentaram responder a essa pergunta examinando dados de quase 3.000 pacientes britânicos.
Tal como acontece com o surto atual como um todo, estes são principalmente homens que tiveram relações do mesmo sexo.
A investigação permitiu ter uma ideia sobre dois tipos de 'delay' [atraso, em português] e compará-los entre si.
O primeiro é o tempo de incubação, durante o qual o paciente carrega o vírus sem saber e o segundo é o tempo que decorre desde o início dos sintomas num determinado paciente, até ao seu aparecimento naquele a quem transmitiu a doença.
Os cientistas concluíram que este segundo atraso tende a ser menor que o primeiro, o que sugere a transmissão antes dos primeiros sintomas.
Esta transmissão pré-sintomática pode representar mais de metade dos casos, podendo ocorrer até quatro dias antes dos sintomas, estimam os investigadores.
No entanto, estes resultados ainda precisam de ser confirmados por outros estudos, realçou outros cientistas num comentário também publicado pelo BMJ.
Atualmente e mesmo com este trabalho, a transmissão pré-sintomática “não é irrefutável”, alertam, embora reconheçam que o estudo marca um passo importante nessa direção, devido à grande amostra de pacientes e à seriedade dos modelos estatísticos utilizados.