O Papa denunciou esta manhã as “resistências interiores que não nos deixam pôr em marcha” e reconheceu que, “por vezes, como Igreja, somos dominados pela preguiça e preferimos ficar sentados a contemplar as poucas coisas seguras que possuímos, em vez de nos erguermos e lançar o olhar para horizontes novos, para o mar alto”.
Na homilia que proferiu na missa da solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, na basílica vaticana, Francisco criticou os que permanecem acorrentados à rotina e assustados pelas mudanças. Assim, “cai-se na mediocridade espiritual, corre-se o risco de ‘ir sobrevivendo’ mesmo na vida pastoral, esmorece o entusiasmo da missão e, em vez de ser sinal de vitalidade e criatividade, a impressão que se dá é de tibieza e inércia.”
O Papa citou um seu confrade jesuíta, Henri de Lubac, para alertar contra o risco de uma fé reduzida ao formalismo, ao cristianismo “clerical, mortiço e rígido”. Pelo contrário, “o Sínodo que estamos a celebrar, chama-nos a ser uma Igreja que se ergue em pé, não dobrada sobre si mesma, capaz de olhar mais além, de sair das suas prisões para ir ao encontro do mundo.”
Quer uma Igreja "sem correntes nem muros, onde cada qual se possa sentir acolhido e acompanhado, onde se cultive a arte da escuta, do diálogo, da participação, sob a única autoridade do Espírito Santo”. Uma Igreja “livre, humilde e animada pela paixão do anúncio do Evangelho e pelo desejo de chegar a todos, e a todos acolher. Mesmo todos, sem exceção!”
Deixou ainda duas recomendações aos pastores da Igreja: a primeira é deixarem de lado as lamentações, não permanecerem espectadores passivos e, “com humildade”, envolverem-se na comunidade dando lugar a todos, em espírito de igreja sinodal. A segunda recomendação de Francisco é que "não devemos fechar-nos nos nossos círculos eclesiais nem perder-nos em certas discussões estéreis, mas ajudar-nos a ser fermento na massa do mundo”.
No início desta missa, o Papa benzeu os pálios dos novos arcebispos nomeados no último ano para as suas arquidioceses. Um deles, é D. José Cordeiro, arcebispo de Braga que esteve presente na celebração.