A taxa de desemprego aumentou em agosto para 8,1%, mais 0,2 pontos percentuais do que em julho e mais 1,7 pontos do que no mesmo mês de 2019, segundo dados divulgados esta quinta-feira apelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com as estimativas mensais do desemprego do INE, os dados provisórios apontam ainda para que a taxa de desemprego (segundo o conceito da Organização Internacional de Trabalho) tenha recuado em setembro para os 7,7%, menos 0,4 pontos percentuais do que no mês precedente e mais 0,4 pontos percentuais do que há três meses e 1,2 pontos percentuais do que há um ano.
O INE refere também que, segundo os resultados finais de agosto, a população empregada aumentou 0,5% relativamente ao mês anterior e 1,3% em relação a três meses antes, mas diminuiu 2,9% face ao mesmo mês de 2019.
Para setembro, o INE estima (números provisórios) que a população empregada tenha registado um acréscimo de 0,8% relativamente ao mês anterior e de 1,9% em relação a três meses antes, diminuindo 2,3% por comparação com o mesmo mês de 2019.
Em relação à taxa de subutilização do trabalho (indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego), o INE diz que em agosto atingiu os 15,5%, menos 0,1 pontos percentuais do que em julho, mais 0,9 pontos percentuais do que há três meses e mais 2,9 pontos percentuais do que há um ano.
Para setembro, os dados provisórios do INE apontam para que a taxa subutilização de trabalho se tenha situado em 15,2%, menos 0,3 pontos percentuais do que em agosto e do que há três meses e mais 2,5 pontos percentuais em termos homólogos.
“A diminuição mensal da taxa de subutilização do trabalho neste mês [setembro] resultou da diminuição da população desempregada e do número de inativos disponíveis mas que não procuram emprego”, sinaliza o INE.
A taxa de desemprego dos jovens foi, por sua vez, estimada em 24,0%, a que corresponde um decréscimo de 2,8 pontos percentuais relativamente à taxa de agosto.
Numa análise do impacto da pandemia de covid-19 nos resultados do Inquérito ao Emprego, o INE diz ser “visível nos resultados definitivos de agosto (mês central do trimestre móvel que abrange julho, agosto e setembro), quando comparados com os valores de três meses antes (maio) e do mês anterior (julho), o aumento da população empregada e da população desempregada, bem como a diminuição da população inativa”.
“Esta última resultou, principalmente, da diminuição do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego, grande parte dos quais passaram a procurar emprego e foram por isso classificados na população desempregada”, refere.
Já as estimativas provisórias de setembro, explica o INE, “revelam um aumento mensal da população empregada (mais 38,3 mil) e uma diminuição da população desempregada (menos 15,4 mil), que poderão sugerir que a diminuição do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego (menos 5,5 mil) se refletiu no aumento da população empregada”.
Para uma correta análise desta evolução, o instituto estatístico ressalva que as medidas de saúde pública tomadas desde meados de março “afetaram o normal funcionamento do mercado de trabalho e, consequentemente, as estimativas mensais de emprego e desemprego”.
Segundo o instituto, o encerramento temporário de várias empresas, as restrições à livre circulação de pessoas e o fecho das escolas (que levou a que muitos pais tivessem de ficar em casa para cuidar dos seus filhos), para além de medidas como o ‘lay-off’ simplificado, refletiram-se na classificação das pessoas segundo a ‘Condição Perante o Trabalho’, particularmente durante o estado de emergência.
“Pessoas anteriormente classificadas como desempregadas e pessoas que efetivamente perderam o seu emprego foram (corretamente, do ponto de vista estatístico) classificadas como inativas caso não tenham feito uma procura ativa de emprego, devido às restrições à mobilidade, à redução ou mesmo interrupção dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequência do encerramento parcial ou mesmo total de uma proporção muito significativa de empresas”, explica.
Também a não disponibilidade para começar a trabalhar na semana de referência ou nos 15 dias seguintes, caso tivessem encontrado um emprego, por terem de cuidar de filhos ou dependentes ou por terem adoecido em consequência da pandemia, levou à inclusão na população inativa.
De igual modo, pessoas anteriormente classificadas como empregadas puderam não cumprir os critérios da OIT, operacionalizados de forma harmonizada na União Europeia em conjunto com o Eurostat, necessários para pertencer a este grupo, sendo por isso consideradas não empregadas (ou seja, desempregadas ou inativas).
Foi o caso das pessoas ausentes do trabalho por uma duração prevista superior a três meses e que, simultaneamente, auferiam um salário inferior a 50% do habitual.
Conforme nota o INE, o gradual processo de desconfinamento iniciado em maio possibilitou a reabertura de diversas atividades económicas e aliviou as regras de isolamento social, permitindo o cumprimento dos critérios de procura ativa de emprego e de disponibilidade para começar a trabalhar, “essenciais para a transição entre a população inativa e a população desempregada”.