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O histórico comunista Carlos Brito considera que o PCP sofreu uma “grande derrota” nas eleições legislativas, defendendo a necessidade de um “sério e profundo reexame” sobre o panorama sociopolítico em que o partido está inserido.
Contactado pela agência Lusa esta segunda-feira, Carlos Brito sustentou que “descer de 12 deputados para seis é a expressão mais clara da grande derrota que o PCP sofreu” no domingo.
“Os partidos à esquerda do PS, particularmente o PCP e o Bloco, foram um bocadinho castigados por terem sido os autores da abertura da crise [política] com o 'chumbo' do Orçamento para 2022”, completou, acrescentando que está na altura de haver no PCP “um sério e profundo reexame de tudo o que se passou”.
Os comunistas têm de fazer “um grande debate interno acerca da questão da convergência entre a esquerda e o centro-esquerda”, prosseguiu, argumentando que “a convergência não é apoio”.
“O facto de o PCP convergir com o PS, em numerosíssimas questões de maior interesse nacional, não significa que esteja a apoiar o PS. Está a convergir cada um para o seu ponto de vista, até se chegar a uma solução razoável para os problemas do país. A solução possível, digamos, no quadro deste diálogo. É esse debate que falta dentro do PCP, no quadro atual da vida política do nosso país, que não é nem o quadro a seguir ao 25 de Abril, nem o quadro se calhar de há 20 anos. É diferente”, referiu o antigo dirigente da bancada comunista na Assembleia da República.
Carlos Brito considerou também que “o eleitorado de esquerda demonstrou uma grande maturidade e uma grande sabedoria”, uma vez que, “perante a iminência de a direita ganhar as eleições, houve uma concentração de votos no PS, que era a maneira mais segura e imediata de o impedir”.
No entanto, o histórico comunista considerou que tem de continuar a haver “pontos de convergência com o PS”, apesar da maioria absoluta dos socialistas, por causa da “oposição de direita muito assanhada, muito garrida e nalguns casos muito trauliteira”.
“O papel dos partidos à esquerda do PS vai ser importante”, completou, desejando para isso que o secretário-geral do PS, António Costa, faça jus às suas palavras na noite de domingo, quando disse que a maioria absoluta não é sinónimo de “poder absoluto”.
A CDU contabilizou no domingo o pior resultado em eleições legislativas de 1976, perdendo seis dos 12 deputados que tinha desde 2019, incluindo a representação parlamentar do PEV e os 'pesos pesados' João Oliveira e António Filipe.