Demissão em bloco após morte por alegada falta de assistência no Hospital S. José
22-12-2015 - 20:58

Doente de 29 anos esperou três dias por uma cirurgia de urgência e acabou por morrer. “Nos últimos anos, por cortes que tivemos na área da saúde, estes hospitais não tiveram possibilidade de ter recursos humanos para dar resposta a situações de doentes como este", admite o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo.

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e os administradores dos centros hospitalares de Lisboa Central e Norte pediram esta terça-feira a demissão, na sequência da morte de um jovem do hospital de S. José enquanto esperava por uma cirurgia de urgência.

David Duarte, de 29 anos, aguardou três dias por uma operação naquele hospital, para onde foi transferido com uma hemorragia cerebral.

Numa declaração sem direito a perguntas, lida ao início da noite, o presidente da ARS, Luís Cunha Ribeiro, anunciou a sua demissão e a de Teresa Sustelo, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, e Carlos Martins, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte.

“Nos últimos anos, por cortes que tivemos na área da saúde, estes hospitais não tiveram possibilidade de ter recursos humanos para dar respostas a situações de doentes como este. Esta situação está reposta e, a partir deste momento, foi-nos autorizado pela equipa do Ministério da Saúde que ambos os hospitais e ambos os presidentes dos conselhos de administração assumiram que passa a haver respostas para situações deste género”, anunciou Luís Cunha Ribeiro.

“Isto não limpa nem permite esquecer ou desculpar o que aconteceu, mas demonstra a vitalidade do Serviço Nacional de Saúde, a sua capacidade de resposta e a sua capacidade de se adaptar”, salientou o presidente demissionário da ARS de Lisboa e Vale do Tejo.

Contactado pela Renascença, o Ministério da Saúde disse que está a avaliar os pedidos de demissão.

O Centro Hospitalar de Lisboa Central tinha confirmado esta terça-feira à Renascença que o Hospital de São José não tem prevenção da Neurocirurgia-Vascular nem Neuro Radiologia de Intervenção aos fins-de-semana.

Por falta de acordo com os médicos, que recusaram as alterações aos regimes remuneratórios, há mais de um ano que não se fazem cirurgias de urgência dos aneurismas ao fim-de-semana.

As explicações foram avançadas à Renascença por fonte do centro hospitalar, na sequência da notícia desta terça-feira publicada no “Correio da Manhã”, que dá conta da morte de David Duarte, de 29 anos, enquanto esperava por uma cirurgia no Hospital de São José, para onde foi transferido com uma hemorragia cerebral.

O centro hospitalar diz que lamenta profundamente a morte em questão e que já fez uma proposta à tutela para melhorar os cuidados que podem ser prestados no tratamento daqueles casos.