O antigo administrador da TAP Diogo Lacerda Machado relativizou este sábado a "orientação despropositada" do secretário de Estado Alberto Souto sobre o "chumbo" a um orçamento da empresa dado que depois foi retirada.
Horas após Alberto Souto ter admitido que deu, a pedido do então ministro das Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, uma indicação para que o administrador votasse contra um orçamento da transportadora aérea, Lacerda Machado afirmou que a orientação era "tão despropositada" que "não foi único dos nomeados pelo Estado a viabilizar as contas da TAP para 2022", contrariando a indicação do Estado.
Num esclarecimento por escrito enviado à Lusa, Diogo Lacerda Machado, que na quinta-feira admitiu ter existido pressão de Alberto Souto quando estava na TAP, disse ter havido uma conversa conjunta do então secretário de Estado Adjunto e das Comunicações com os administradores indigitados pelo Estado - ele próprio, Miguel Frasquilho, Bernardo Trindade, António Meneses, Ana Pinho e Esmeralda Dourado.
"A orientação de voto que o secretario de Estado transmitiu viria, aliás, a ser retirada", lê-se na declaração de Lacerda Machado, sem avançar mais explicações sobre o sucedido.
Hoje, numa publicação no Facebook, o antigo secretário de Estado revelou que o ex-administrador "ameaçou demitir-se, mas não o fez".
Lacerda Machado explicou que, como a orientação para "chumbar" o orçamento da transportadora foi retirada, não renunciou ao cargo.
A polémica começou na quinta-feira durante uma audição da comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP quando Diogo Moura Lacerda assumiu que houve pressão política quando o secretário de Estado lhe pediu para votar contra o orçamento da companhia aérea.
"Eu disse que não o faria", acrescentou Lacerda Machado, dizendo que explicou ao Governo que a legitimidade da sua decisão "vinha da eleição em assembleia-geral", mas se o executivo entendesse apresentava a renúncia ao cargo.
Hoje, Alberto Souto admitiu que transmitiu uma orientação ao antigo administrador da TAP sobre o orçamento da empresa em 2020, mas recusou ter feito pressões políticas quanto à gestão corrente. .
"O normal é que uma vez por ano, justamente na aprovação do orçamento, o acionista converse com os seus representantes e indique a posição que eles devem veicular", escreveu Alberto Souto.
Em "todas as empresas públicas ou sociedades com capital do Estado", há uma orientação em documentos estratégicos e "é esse o sentido de uma saudável tutela", escreveu, no texto, o ex-secretário de Estado.