A cerimónia do 10 de Junho em Portalegre não pode ser só “um rito de passagem”, tem de representar “um compromisso futuro” com o interior, disse o Presidente da República esta segunda-feira, logo a começar o seu discurso do Dia de Portugal.
Em Portalegre, Marcelo Rebelo de Sousa quis exaltar os portugueses, as suas qualidades e capacidades, e repetiu uma das suas frases preferidas: “Quando somos bons, somos os melhores dos melhores.”
Tinha sido essa frase que, minutos antes, o presidente das comemorações, o jornalista João Miguel Tavares, tinha rebatido, defendendo que os portugueses não são nem têm de ser melhores que os outros povos e apontando fracassos, nomeadamente no combate à corrupção, na falência do “elevador social” e na separação entre cidadãos e instituições.
O Presidente fez uma pequena referência a esse discurso, considerando-o um sinal de “inconformismo e de desejo profundo de mudança”, mas quis fazer o contraponto: “Somos mais do que fragilidades ou erros e é por sermos mais do que fragilidades e erros que somos o que somos.” E o que os portugueses são, na visão de Marcelo, são “muitos portugais” construídos todos os dias cá dentro e pelo mundo.
O chefe de Estado exaltou as Forças Armadas, os professores – “que promovem e ensinam a língua” – os que fazem trabalho social, “os que trabalham de sol a sol para os seus e para os outros”, enfim todos os que “todos os dias constroem portugais longe da nossa vista e do nosso coração”.
Esse Portugal com expressão internacional, continuou o Presidente, não é só o secretário-geral das Nações Unidas ou o presidente do Eurogrupo; são líderes científicos, sociais, académicos que “todos os dias, cá dentro ou lá fora” têm percursos de excelência de que “muitos” só se apercebem quando lhes chegam noticias de uma enfermeira ou um cientista premiados noutro país.
“Não podemos nem devemos omitir ou apagar os nossos fracassos coletivos”, disse ainda o Presidente, citando alguns desses fracassos: emigração, corrupção, falência da justiça, exigências constantes de maior seriedade e ética na vida pública.
E aí a referência ao discurso inconformista de João Miguel Tavares, mas para logo a seguir salientar “méritos que nos reconhecem, mesmo quando não os reconhecemos”.
“Resistimos à perda da independência, às crises económicas, financeiras, políticas e, não só sobrevivemos como queremos apostar no futuro”, disse o Presidente, que pediu mais capacidade de antecipação das mudanças e um reforço no “orgulho de sermos portugueses” para que “o futuro seja mais justo, mais solidário e mais humano do que o passado que honramos e o presente que construímos”.