A nuvem de fumo tóxico que pairou sobre a zona de Setúbal desde terça-feira de madrugada causou 20 vítimas, quatro das quais crianças. Já todas tiveram alta do hospital, à excepção da uma de 10 anos que deu entrada no hospital de São Bernardo, esta quinta-feira de manhã.
O fogo deflagrou num
armazém em Mitrena, concelho de Setúbal, e foi dado como
extinto.
A nuvem tóxica terá provocado lesões oculares numa criança de 10 anos, mas, segundo o presidente do INEM, Luís Meira, o nível de concentração registado não deverá levar a lesões permanentes em nenhuma das vítimas.
"Não é expectável que daí resultem lesões permanentes", afirmou em conferência de imprensa, desta quinta-feira de manhã.
O mesmo responsável adianta que, "neste momento, não há emissão de dióxido de enxofre para a atmosfera" e que "a nuvem que se gerou foi levada para uma zona que não levanta preocupações especiais". As concentrações de dióxido de enxofre estão, assim, "abaixo dos limites legais estabelecidos" e "não há risco para a saúde humana".
Nesse sentido, deixaram de se justificar as medidas de protecção à população, anunciadas na quarta-feira e que levaram a que milhares de alunos ficassem esta quinta-feira em casa. A Câmara de Setúbal mandou encerrar todas as escolas, de todos os graus de ensino, devido à poluição provocada pelo fumo tóxico.
A Direcção-Geral de Saúde (DGS) aconselhou também os habitantes da península de Setúbal a protegerem as vias respiratórias, devido a elevados níveis de dióxido de enxofre no ar, sublinhando que crianças, idosos e doentes com problemas respiratórios crónicos ou cardiovasculares não deviam sair de casa e deviam fechar as janelas.
Inicialmente, as autoridades previam que os valores da qualidade do ar normalizassem até ao final de terça-feira, mas uma mudança na direcção de vento levou para a cidade a nuvem tóxica. A alteração da qualidade do ar foi detectada em várias localidades e chegou até ao Porto.
Luís Meira não descarta a possibilidade de poderem aparecer mais reacções ao dióxido de enxofre nas próximas horas e aconselha todos quantos tenham dúvidas sobre sintomas a ligar para a Linha Saúde 24, "para obterem o acompanhamento necessário".