Em 2022 morreram nas estradas de Portugal continental 459 pessoas. São mais 69 do que em cada um dos anos da pandemia e menos 15 do que em 2019, o último ano sem as restrições provocadas pela Covid-19.
As contas ainda não incluem as regiões autónomas e não foram ainda oficialmente apresentadas.
O número global de vítimas mortais foi o único revelado esta terça-feira à tarde, durante uma cerimónia que serviu para fazer o balanço das Operações Natal e Ano Novo.
Um balanço onde fica claro o agravamento dos números em 2022, porque nos últimos 15 dias morreram nas estradas 22 pessoas, mais seis do que no mesmo período do ano anterior.
"Dados existem, eles estão a ser trabalhados"
Presente nesta cerimónia, a secretária de Estado da Proteção Civil foi confrontada com a ausência de informações sobre a evolução da sinistralidade rodoviária em Portugal, mais concretamente pelo facto de não haver estatísticas há seis meses.
Patrícia Gaspar diz que os dados existem, mas ainda estão a ser trabalhados.
“Os dados existem, eles estão a ser trabalhados. Eu penso que a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária tem feito o esforço para que a publicação desses dados volte à regularidade que era normal. São muitos dados e a informação tem que ser bem processada para garantir que se transmite a ideia e a imagem correta daquilo que temos nas nossas mãos.”
A secretária de Estado da Proteção Civil foi também questionada sobre a ausência do relatório anual sobre as mortes a 30 dias, ou seja, os feridos graves que acabam por falecer nos 30 dias após os acidentes.
Neste caso, o relatório – que por norma acrescenta mais 30% de vítimas ao número anual – costuma ser conhecido em agosto, mas até agora ainda não foi revelado.
Patrícia Gaspar diz que Portugal continua obrigado a enviar esses dados para a União Europeia, e também neste caso está a tentar-se resolver o atraso.
“É outra área em que estamos a trabalhar para recuperar de alguma forma a periodicidade com que esses dados são transmitidos. Eles envolvem não só a ANSR, mas também as forças de segurança e as unidades de saúde.”
“Culpa não é das forças de segurança, é do processo todo”
Confrontado com todos estes atrasos, o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) atribui parte da culpa às forças de segurança. Não se podem publicar dados que ainda não estão consolidados, diz Rui Ribeiro.
“A recolha de dados é um processo em cadeia. A ANSR tem por missão coletar os dados a nível nacional que provêm das forças de segurança e a transmissão de dados das forças de segurança tem tido alguns problemas”, afirma o responsável.
Rui Ribeiro diz que é preciso efetuar a “consolidação dos dados”, o que provoca alguns atrasos.
“Temos estado a trabalhar muito afincadamente com as forças de segurança. Estamos num processo de afinar as metodologias de comunicação para que, brevemente - não estou a dizer amanhã nem daqui por um ano - a comunicação de dados seja instantânea entre as forças de segurança e a ANSR”, garante o presidente da Segurança Rodoviária.
Questionado se a culpa é das forças de segurança pela falta de dados há seis meses, Rui Ribeiro responde que “a culpa não é das forças de segurança, é do processo todo”.