A União Europeia (UE) vai instalar uma missão de formação militar na Ucrânia, anunciou esta segunda-feira o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba.
A medida simbólica acontece em plena crise entre o Ocidente e a Rússia, que tem milhares de soldados junto às fronteiras com a Ucrânia.
A missão de treino militar, que estava em discussão há vários meses, prevê o envio de conselheiros da UE para reformar o sistema de treino militar ucraniano, que remonta à era soviética.
"Chegámos a um acordo de princípio para que a União Europeia avance com uma missão de aconselhamento e treino militar na Ucrânia. Não serão forças de combate, mas um novo elemento na cooperação entre a Ucrânia e a União Europeia”, declarou o chefe da diplomacia da Ucrânia, em Bruxelas.
“Os detalhes, os principais parâmetros e o cronograma deste lançamento ainda terão que ser discutidos, mas é fundamental que possamos abrir esta nova página nas nossas relações”, sublinhou Dmytro Kuleba.
O ministro ucraniano apela também aos homólogos europeus que “forneçam uma perspetiva europeia à Ucrânia”.
No domingo, as autoridades da Bielorrússia, aliadas de Moscovo, anunciaram que as tropas russas que estão no país desde 10 de fevereiro para exercícios militares ali vão continuar para mais manobras, o que, segundo os Estados Unidos, reforça a possibilidade de uma invasão estar prestes a acontecer.
Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia oriental, número que constitui um recorde este ano, tendo mesmo a organização convocado igualmente para hoje uma reunião extraordinária para debater a escalada de tensão militar.
Os ministros dos 27, entre os quais Augusto Santos Silva, trocaram impressões com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, num pequeno-almoço informal a anteceder os trabalhos formais do Conselho.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150 mil soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Entretanto, aumentaram nos últimos dias os confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, sobretudo no Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.