“Se Putin achava que quebrava a solidariedade internacional, conseguiu exatamente o oposto: estamos unidos e manter-nos-emos unidos”, garantiu Ursula Von der Leyen na sessão extraordinária do Parlamento Europeu, nesta terça-feira, dedicada à invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Homens, mulheres e crianças estão a morrer porque um líder autoritário, Vladimir Putin, decidiu que a Ucrânia não tem direito a existir, mas nunca deixaremos que isso aconteça e nunca o aceitaremos”, assegurou ainda a presidente do executivo comunitário numa intervenção de força contra as ações de Moscovo.
“Este é o momento da verdade para a Europa”, afirmou, logo citando um artigo do “Kiyv Independent”, publicado horas antes da invasão: “Isto não é só sobre a Ucrânia, é um confronto entre dois mundos, dois valores drasticamente opostos”. E acrescentou: esta é uma batalha entre uma ordem regulada (Estado de Direito) e a agressão nua e crua.
“O destino da Ucrânia está em risco, mas o nosso destino também depende do equilíbrio. Temos de mostrar o poder das nossas democracias, o poder do povo que escolhe o seu caminho da independência. Esta é a nossa demonstração de força”, declarou, para logo acrescentar: “A maneira como respondermos hoje, irá determinar o futuro do sistema internacional”.
Segundo Ursula Von der Leyen, a União Europeia "evoluiu mais nos últimos seis dias do que nas últimas duas décadas" em termos de Defesa. O pacote de sanções aprovado “foi o maior na nossa história”.
Mas há mais países envolvidos na retaliação a Moscovo por esta “agressão sem precedentes”. Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Noruega, Japão, Coreia do Sul, Austrália… “Mais de 40 países, representando mais de metade das economias mundiais, anunciaram sanções e restrições à Rússia”, afirmou Von der Leyen.
“Se Putin achava que quebrava a solidariedade internacional, conseguiu exatamente o oposto: estamos unidos e manter-nos-emos unidos”, sublinhou.
Investir na independência
Reconhecendo que as sanções à Rússia também terão consequências negativas na economia europeia, que ainda se tenta recuperar da pandemia de Covid-19, Ursula Von der Leyen destacou: “a liberdade não tem preço”.
“Ainda não acabámos a pandemia e gostaríamos todos de nos concentrar na recuperação económica, mas acredito que o povo europeu apoia que nos ergamos agora contra esta invasão. Porque a liberdade não tem preço. Os nossos investimentos hoje far-nos-ão mais independentes amanhã”, defendeu.
Vivemos “um momento de viragem” na Europa. “Não podemos levar a nossa segurança e a proteção das pessoas como garantidas. Temos de investir”, reforçou.
Apoiar quem defende a liberdade
Se a Europa vive um momento crucial, também a Rússia “atingiu um marco. As ações do Kremlin estão a prejudicar os interesses do povo russo. Mais e mais russos compreendem isto e marcham pela paz e a liberdade. E o que faz o Kremlin? Responde prendendo milhares de pessoas”, apontou.
“Mas a voz da liberdade não será calada. Há uma Rússia diferente por trás das armas de Putin e nós estendemos a nossa ajuda a esta outra Rússia”, declarou a responsável europeia.
No Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia anunciou ainda um pacote de “500 milhões de euros do orçamento europeu para lidar com as consequências humanitárias desta trágica guerra”, seja dentro da Ucrânia seja no que respeita aos refugiados que saírem do país.
“Os ucranianos estão a demonstrar uma imensa coragem, mas também estão fazer algo mais: a lutar pelos valores universais. E estão dispostos a morrer por eles”, sublinhou a presidente do executivo comunitário.
“O Presidente e o povo ucraniano são uma verdadeira inspiração. Hoje, a Ucrânia e a União Europeia estão cada vez mais próximas. Há muitos passos a dar, temos de acabar com esta guerra, mas estou certa – e que ninguém duvide – que estas pessoas que se erguem tão corajosamente pelos valores europeus pertencem à família europeia”, concluiu Ursula Von der Leyen no Parlamento Europeu.