A Irmã Annie Demerjian, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), admite que "10 anos de guerras sangrentas" na Síria e a imposição de sanções económicas originaram desespero, pobreza generalizada, falta de medicamentos, falhas constantes e prolongadas no fornecimento de eletricidade e água".
Por isso, esta religiosa que já esteve em Portugal por diversas vezes a convite da AIS, diz que "vivemos o pior momento da nossa história" e refere que não conhece "nenhuma outra sociedade do Médio Oriente cujos membros vivam em condições tão terríveis atualmente".
Como se não bastasse tudo isto, a Síria está a enfrentar também a pandemia da Covid-19.
As consequências têm sido "um desemprego enorme, aumento de custo de vida para valores insuportáveis", o que está a levar a comunidade cristã ao desespero.
A religiosa, que é responsável pelas campanhas da Ajuda à Igreja que Sofre nas cidades de Alepo e Damasco, há quase uma década, considera que o apoio desta fundação pontifícia "tem sido um salva-vidas e uma fonte de esperança para as famílias cristãs que vivem em condições verdadeiramente desumanas".
A Irmã Annie reconhece e agradece todo o esforço de apoio que tem sido canalizado para as famílias cristãs na Síria. "Isso é muito necessário num país onde a desolação e o desânimo estão a crescer e a esperança deve ser semeada".
Atualmente, o apoio da Fundação AIS chega a 273 famílias em Alepo e a "mais uma centena em Damasco" e "todos os meses recebem ajuda de subsistência básica, incluindo vales para a compra de artigos essenciais como comida e gás para cozinhar".
Recorde-se, que no passado dia 15 de outubro, o representante diplomático do Papa na Síria, cardeal Mario Zenari, denunciou a existência de uma crise "sem precedentes" neste país do Médio Oriente, pedindo o fim das sanções internacionais, uma situação que afeta 80% da população, após quase 10 anos de violência.