O diretor do Programa Nacional para as Hepatites Víricas diz ser importante conhecer bem o agente que está na origem do surto de hepatite aguda em crianças.
Até esta altura, foram identificados cerca de 200 casos em todo o mundo, mas, ainda nenhum em Portugal.
Esta quarta-feira, o Centro Europeu de Prevenção de Doenças reuniu de urgência para definir a estratégia para lidar com este problema.
Em declarações à Renascença, o responsável pelo Programa Nacional para as Hepatites Víricas, da Direção-Geral da Saúde (DGS), sublinha que a prioridade “é conhecer o inimigo”, o que “implica colher os dados todos”.
“É preciso perceber se é um vírus, ou não, e como é que ele se comporta. É fundamental, portanto, recolher informação e partilhá-la. E, depois, estar preparado - os pediatras, os médicos de família, os cirurgiões que fazem transplante - para o que possa vir a acontecer nesta invasão do inimigo", acrescenta.
Tato Marinho diz que há várias pistas em investigação, mas o principal suspeito é o “Adenovírus 41”, um vírus modificado que ter-se-á tornado mais agressivo.
Mas há outras hipóteses, “que são ainda teorias: uma delas é que as crianças tenham estado afastadas das infeções. Na vida normal, quando são pequeninas as crianças infetam-se umas às outras e acaba por ser uma vacinação natural. Isso deixou de acontecer porque elas ficaram mais fechados e porque os adultos à volta, que também são transmissores de infeções andavam todos de máscara, e o ser humano não nasceu para andar com máscara à frente do nariz e da boca", sublinha.
Os especialistas também estabeleceram critérios de diagnóstico para doentes com algumas características comuns.
"De uma forma geral e simplista, são crianças a grande maioria, neste momento, são crianças de 3 a 5 anos e com uma elevação muito grande nas análises do fígado, o que denota a tal inflamação aguda a chamada Hepatite aguda", explica Rui Tato Marinho.
Conselhos os pais
O diretor do Programa Nacional para as Hepatites Víricas da DGS diz que são, ainda, muitas as incógnitas, pelo que não é possível, para já, dar muitos conselhos aos pais.
Tendo em conta os dados que se conhecem, a principal recomendação é a lavagem frequente das mãos, para prevenir "a hipótese de isso ser um vírus que se transmite dessa maneira: através das mãos, de alimentos contaminados ou das fezes".