A associação Transparência e Integridade apela ao Presidente da República para que vete o diploma que alterou a lei do financiamento dos partidos políticos, considerando que representa uma "ameaça séria à qualidade das instituições democráticas".
Numa carta aberta ao Presidente da República, divulgada esta quarta-feira, a direcção da Transparência e Integridade [TI] presidida por João Paulo Batalha, considera que o diploma é "não só um ataque directo à integridade do processo legislativo, mas uma ameaça séria à qualidade das instituições democráticas e à confiança dos cidadãos nos partidos políticos e na instituição parlamentar".
A TI - Associação Cívica apelou ao Presidente da República para que exerça o direito de veto e o devolva ao parlamento, onde, acusou, "foi preparado à porta fechada, sem qualquer estudo ou debate público".
Segundo aquela associação, o diploma "pouco faz para aumentar a eficácia objectiva do controlo dos financiamentos políticos e das campanhas eleitorais" e introduz alterações que "não só importam elevadas benesses financeiras para os partidos políticos como encerram novos riscos de corrupção" numa área "tão sensível e crucial para a qualidade da democracia".
Antes da divulgação desta "carta aberta", o presidente da associação Transparência e Integridade tinha declarado à Renascença que a forma como foram aprovadas as alterações à lei de financiamento dos partidos constitui "um processo vergonhoso".
O diploma, aprovado na quinta-feira passada no parlamento, dia 21 de Dezembro, com os votos contra do CDS-PP e do PAN, autonomiza a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que passa a ter a competência para aplicar as coimas por ilegalidades nas contas partidárias e eleitorais, estabelecendo como instância de recurso o plenário do Tribunal Constitucional.
Contudo, além destas e outras alterações de processo, o PS, PSD, PCP, BE e PEV concordaram em mudar outras disposições relativas ao financiamento partidário, entre os quais o fim do limite para as verbas obtidas através de iniciativas de angariação de fundos e o alargamento do benefício da isenção do IVA a todas as actividades partidárias.
Até agora, os partidos podiam requerer a devolução do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), mas apenas para atividades diretamente relacionadas com a divulgação da mensagem política.
A Transparência e Integridade - Associação Cívica é o capítulo português da `Transparency International´, rede global de Organizações Não Governamentais anticorrupção presente em mais de 100 países.