As Jornadas de Formação do Clero da Diocese da Guarda começam esta quinta-feira e a iniciativa vai servir para apresentar um estudo sobre a reorganização pastoral da Diocese.
“Cheguei aqui em 2005, havia 260 mil habitantes. Acredito que tenha havido uma diminuição de 20 mil habitantes. Hoje, já não chegamos aos 240 mil habitantes”, diz o bispo da Guarda, D. Manuel Felíco, à Renascença, antecipando, assim, uma dos problemas detetados pelo estudo.
“Há alguns lugares onde, mesmo que houvesse sacerdotes, só há quatro ou cinco pessoas. Esse lugar não tem condições para fazer a festa do dia do Senhor. Temos que encontrar espaços alargados, mas, se essas pessoas não se puderem deslocar, nós temos que arranjar transporte ou vamos a casa delas levar a comunhão”, exemplifica D. Manuel Felício, acrescentando outro exemplo, o da catequese: “Temos paróquias com muitas poucas crianças na catequese e, para fazermos um bom trabalho, precisamos de ter grupo.”
Para lá do problema do despovoamento, o bispo da Guarda aponta o facto de as comunidades viveram muito de costas voltadas, um quadro que terá de ser alterado. “Ainda não sei bem como vai acontecer”, assume o prelado diocesano, sem deixar de avançar uma certeza: “De costas voltadas, não. Colaboração, sim."
"Não podemos andar a dividir a metro, ao estilo do 'se aquela tem, eu também tenho'. Temos que ver como é que uma comunidade que já tem certos serviços pode acolher outras comunidades”, explica D. Manuel, argumentando: "Quando atuamos isoladamente, perdemos força. As comunidades não podem viver de costas voltadas, por muito que tenham a sua identidade e tradições."
As jornadas contam com a presença do padre Tiago Freitas, do Presbitério de Braga, cuja tese de doutoramento, lançada posteriormente em livro, se debruça sobre a questão das unidades pastorais ou colégio de paróquias.