Caso Jéssica. “É tudo mentira”, diz marido da alegada ama da criança
05-06-2023 - 15:44
 • Liliana Monteiro , Beatriz Pereira

No julgamento que começou esta segunda-feira, três dos cinco arguidos, Ana Pinto, a filha Esmeralda e a mãe de Jéssica, Inês Sanches, optaram pelo silêncio.

Começou esta segunda-feira o julgamento do homicídio de Jéssica, a criança de três anos que morreu em Setúbal, vítima de agressões alegadamente ligadas às dívidas da mãe pelas práticas de bruxaria, em junho de 2022.

Na audição no Tribunal de Setúbal, o único dos cinco arguidos que prestou declarações foi o marido da alegada ama, Justo Ribeiro Montes, que negou ter qualquer responsabilidade no caso.

“É tudo mentira”, referiu relativamente às acusações de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada de que é suspeito, juntamente com a família, Ana Pinto e Esmeralda Pinto Montes.

“Eu nunca estava em casa e quando voltava estava lá a criança. Perguntei à minha mulher, que disse que a menina era de uma rapariga que ia trabalhar”, disse. Admitindo que Jéssica se encontrava em sua casa “a noite e o dia todo”, afirmou não ter nunca visto nada suspeito.

Já confrontado com imagens da criança com vários danos corporais, o arguido referiu ainda que não tem nada a ver com isso e que "nem quer saber". “Nunca vi a criança a ser agredida”, disse.

Justo Montes confirmou também que soube da morte de Jéssica pela mulher, Ana Pinto. “Soube que a menina morreu através da minha mulher”. O arguido confirma ainda que Ana Pinto não era a ama da criança.

Questionado sobre os ferimentos de Jéssica, Justo admite só ter notado a boca inchada da menina, justificado pela mulher, que disse que ela “tinha caído da cadeira e batido com a boca”.

Isqueiro com vestígios de Jéssica

Um dos momentos mais tensos da audição de Justo Montes aconteceu quando o arguido foi questionado pelo coletivo de juízes pelos vestígios da criança encontrados num isqueiro, sem que este tenha conseguido dar uma justificação.

Justo esclareceu que era o único em casa que usava o isqueiro e que fumava, mas não sabia como é que os vestígios tinham aparecido no objeto.

Três dos arguidos - a mãe de Jéssica, Inês Sanches, a ama Ana Pinto e a filha Esmeralda Pinto Montes - não quiseram prestar declarações à saída do tribunal.

Além de ter sido agredida até à morte, as autoridades consideram que a criança terá sido usada como correio de droga com a permissão da mãe. Por essa razão, também Eduardo Montes, outro filho de Ana Pinto e Justo Montes, deverá ser ouvido na tarde desta segunda-feira, respondendo pelos crimes de violação e tráfico de estupefacientes agravado. É o únido arguido que se encontra em liberdade.