O presidente do PS Açores, Vasco Cordeiro, acredita que “o partido que vence as eleições (regionais) deve ter a oportunidade de formar Governo” e critica a posição que Marcelo Rebelo de Sousa adotou em 2020.
“Quem ganhou as eleições em 2020 foi o PS. O que eu acho que o Presidente da República deve fazer é ter uma leitura diferente da vontade do povo açoriano”, explica em declarações à Renascença, à margem do Congresso do PS, em Lisboa.
A Região Autónoma dos Açores vai a votos no dia 4 de fevereiro depois de o Governo regional, minoritário e liderado pelo PSD, ter pedido eleições antecipadas. O chumbo do orçamento regional foi o gatilho para a crise política.
Os Açores são, desde 2020, governados por uma coligação PSD/CDS/PPM, que contava com apoios parlamentares da Iniciativa Liberal e do Chega. O PS foi o partido mais votado na altura.
Questionado sobre se o resultado destas próximas eleições for semelhante, e nenhum partido conseguir maioria, Vasco Cordeiro considera que Marcelo Rebelo de Sousa deve dar prioridade ao partido com mais deputados para formar Governo. “Se isso não for possível, aí sim, passa-se à fase seguinte”.
O ex-presidente do Governo regional dos Açores- que perdeu o lugar para José Manuel Bolieiro (PSD) – considera assim que, para este ano, Marcelo Rebelo de Sousa tenha uma interpretação que “não teve em 2020”.
Quanto a si e ao seu futuro, Vasco Cordeiro não revela o que fará se perder as eleições regionais: “Neste momento trabalho e tenho as expectativas para vencer”, diz, lacónico.
Mais claro é quando questionado se tem vontade de desempenhar funções no continente: “Venci as eleições de 2020, assumi o meu lugar de deputado regional e sentei-me como líder da oposição. Não há mínima dúvida no meu compromisso com os Açores e com os açorianos”.
A tarefa de reconquistar o poder nos Açores (que pela primeira vez passou para o PSD em 2020) arranca no final do mês de janeiro com a campanha para as regionais.
Vasco Cordeiro considera que há “desafios grandes que resultam de um retrocesso e de uma degradação” e aponta para indicadores sociais para sustentar a sua tese.
Fintar tema da justiça e “centrar no essencial”
O Congresso do PS arrancou com críticas de António Costa ao Presidente da República e à justiça que o “derrubaram, mas não derrubaram o PS”. As flechas foram repetidas pelo líder parlamentar do PS em declarações à Renascença.
Para Vasco Cordeiro, a mensagem do primeiro-ministro demissionário foi direcionada aos socialistas “num apelo e incentivo claro à continuação do trabalho” e recusa fazer a leitura de uma farpa à justiça.
Mas o líder do PS-Açores faz um apelo às mensagens lançadas pelos dirigentes socialistas: “Acho que o PS deve centrar-se no essencial, como é que damos segurança no emprego, como melhoramos a educação e a saúde”, defende Vasco Cordeiro à Renascença, sem mencionar a palavra justiça, mesmo depois da insistência.
Pedro Nuno Santos “preparado”
O candidato a presidente do Governo regional considera que Pedro Nuno Santos tem tempo para se preparar para vencer as legislativas e vai mais longe: “Já está preparado, pelos cargos que exerceu, pelo conhecimento que tem do país”.
Questionado se a liderança de Pedro Nuno Santos treme caso o novo secretário-geral do PS perca as eleições em março, Vasco Cordeiro usa o mesmo mantra que usou consigo.
“Acho que Pedro Nuno Santos vai ganhar”. E se perder? “Vai ganhar”, insiste o líder do PS Açores.