António Boronha, antigo vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, não acredita que Cristiano Ronaldo vá ser embaixador da candidatura da Arábia Saudita ao Mundial 2030, que Portugal quer organizar em conjunto com a Espanha e Ucrânia.
Em declarações a Bola Branca, o dirigente defende que essa decisão ainda iria dividir mais a opinião pública em relação ao capitão da seleção nacional.
"Acho extremamente especulativo associar o Ronaldo a uma candidatura concorrente à portuguesa. Parece-me absurdo e não quero acreditar que seja verdade. A ser, é um problema essencialmente para o Ronaldo junto da opinião pública portuguesa, que já está dividida. Iria diminuir o número de "Ronaldetes" que existem em Portugal, que são muitos. Não acredito que vá ser um embaixador de uma candidatura", diz.
O jornal "Marca" garantiu, esta quinta-feira, que Ronaldo tem acordo fechado para ser jogador do Al-Nassr, num contrato que o ligaria ao futebol saudita até 2030, com encadeamento à candidatura conjunta entre Arábia Saudita, Egito e Grécia ao Mundial 2030. Assim, o português seria concorrente da candidatura ibérica.
O avançado, de 37 anos, é atualmente um jogador livre no mercado de transferências, depois de ter rescindido com United, na sequência de uma entrevista em que disse sentir-se "traído" pelo clube.
No Mundial, Ronaldo também não evitou a polémica, depois de ter contestado a substituição frente à Coreia do Sul. Não voltou a ser titular, nos jogos dos oitavos de final e quartos de final.
Boronha não encararia a decisão como "traição", que pode "ser uma expressão demasiado forte, mas acredito que muitos fãs ficariam muito desapontados com essa atitude. Não acho que vá ser embaixador de uma candidatura do Médio Oriente".
CR7 deveria desmentir
O antigo dirigente defende que o capitão da seleção nacional deveria desmentir essa possibilidade o quanto antes. Quanto à Federação Portuguesa de Futebol, o foco deve ser outro.
"Ronaldo deveria desmentir, de imediato, para bem dele. Mas noto que Ronaldo tem sido preciso nos seus 'timings', quer na entrevista, a saída do Manchester United e o Mundial. As coisas não estão fáceis para o lado dele, mas deveria desmentir se acha que há credibilidade. Se estivesse na Federação, focava-me na escolha do selecionador, que é o ponto principal", atira.
António Boronha acredita que não é tarefa fácil substituir Fernando Santos, uma vez que não é qualquer treinador que tem a capacidade de orientar uma seleção como a portuguesa.
"O momento é complicado. Treinadores para a seleção portuguesa que sirvam os interesses da seleção não existem muitos. Ou chegam a acordo com Mourinho, que é um nome incontornável, ou vamos para a prata da casa com o Rui Jorge. Questão de Ronaldo não deve ser colocado em equação na escolha do selecionador", termina.