Os números falam por si. O aumento de espetadores nos cinemas registado até 21 de dezembro contrasta com a quebra abrupta nas últimas semanas. Dados hoje divulgados pela Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) revelam que, de 22 a 25 de dezembro, as receitas de bilheteiras diminuíram 32% e entre 26 e 29 de dezembro – altura em que passou a ser obrigatório um teste negativo para entrar do cinema – essa redução foi de 74%.
O diretor-geral da FEVIP estima que “até 9 de janeiro cerca de 600 mil espetadores sejam afastados das salas de cinema”. António Paulo Santos aponta o dedo ao Governo. Acusa o executivo de favorecer os casinos.
“Incrédulo” face às medidas implementadas, o responsável que fala em discriminação e afirma que “por certo o Governo prefere casinos a cinemas, uma vez que as medidas são tão distintas.”
Em causa está, diz a FEVIP em comunicado,a orientação da Direção-Geral de Saúde que foi atualizada na madrugada de 29 de dezembro e que tornou obrigatória a apresentação de um teste negativo à Covid-19, seja ele antigénio, PCR ou autoteste, para entrar num cinema.
Esta regra, alega a FEVIP, não se aplica a espaços como os de casinos. “O acesso a outros estabelecimentos, como é o caso dos casinos, bingos, eventos desportivos e restaurantes, deverá poder ser feito mediante apresentação de certificado de vacinação ou teste Covid-19 negativo, até mesmo autoteste, já a partir de dia 2 de janeiro”, explica em comunicado.
A Associação questiona o que está previsto para os cinemas a partir de 2 de janeiro e diz mesmo que “ficou por esclarecer o que irá acontecer entre 3 e 9 de janeiro à entrada das salas”. Mas a FEVIP vai mais longe nas críticas ao Governo de António Costa.
Os representantes que se queixam da “assimetria” de critérios alertam para o risco de “paralisação do setor”. “Enquanto a restrição de medidas na área da restauração e estabelecimentos de jogos de sorte ou azar (casinos e bingos) são aplicáveis a dias específicos, coincidentes com datas festivas - 24, 25, 30, 31 de dezembro e 1 de janeiro -, já nos cinemas o período temporal é mais extenso, o que leva ao perigo acrescido de paralisação do setor”, argumentam.
O diretor – geral da FEVIP afirma que “não existe compreensão possível sobre o que levou à apresentação destas restrições e à diferença de critérios para outras áreas”. António Paulo Santos lembra que “nos cinemas as pessoas estão sentadas com distanciamento e nunca frente a frente, e é obrigatório o uso de máscara”.
O responsável alega que, o mesmo “não ocorre noutros setores, em que as medidas não sofreram este agravamento, como é o caso dos casinos e bingos, em que as pessoas não têm localização fixa ou dos restaurantes, em que é suposto as pessoas estarem sem máscara durante as refeições”, defende António Paulo Santos.