​“Cuidadores informais não têm regalias sociais", alertam Capelães Hospitalares
02-06-2023 - 12:51
 • Henrique Cunha

Padre Fernando Sampaio, coordenador dos Capelães Hospitalares, destaca dificuldades dos doentes e idosos em pagarem um lar. "As ajudas sociais que vêm do Estado às vezes são ridículas", sustenta o sacerdote.

O Coordenador Nacional das Capelanias Hospitalares, o Padre Fernando Sampaio, afirmou esta sexta-feira que “o que é dado aos Cuidadores Informais não é grande coisa” e pede “uma reflexão profunda” sobre as razões para o aumento dos internamentos sociais.

Em declarações à Renascença, o sacerdote que é também Capelão do Hospital Santa Maria em Lisboa alerta para a alteração da realidade familiar e diz que “às vezes nós pomos o ónus em cima da família quando na realidade se calhar era preciso ver mais a fundo o que na realidade se passa”.

O Padre Fernando Sampaio entende ser necessária uma reflexão profunda sobre o fenómeno e reforça a ideias de que “a realidade familiar mudou muito".

“Desde filhos que já morreram e os pais agora estão internados. Desde pessoas que ao nível da estrutura familiar não tem condições para receber os seus pais porque eles perderam autonomia”, assinala.

O sacerdote adianta que “as questões económicas muitas vezes ao nível familiar são complexas, e a realidade familiar é realmente complexa e mudou muito”. Lembra também que “as reformas que as pessoas têm não lhes permite a capacidade económica para entrar em lares”.

“Os preços dos lares e as ajudas sociais que vêm do Estado às vezes são ridículas e impedem muitas vezes haver condições para acolher as pessoas que devem ter alta.”

O padre Fernando Sampaio lembra por outro lado que é necessário dar mais apoio aos cuidadores informais que, na sua opinião “não têm regalias sociais” e o apoio que lhes é dado “não é grande coisa”.

Nesta necessidade de maior reflexão sobre a realidade dos internamentos sociais, o Coordenador Nacional das Capelanias Hospitalares deixa por fim o exemplo de um doente que “fica sem autonomia durante o seu internamento”. “Quando vem para casa fica praticamente sem autonomia e na zona onde mora existe um centro de dia ou um lar que faz apoio domiciliário, mas não o faz ao fim de semana. Quem é que ajuda o doente ao fim de semana?”, interroga-se.

“Há necessidade de transformação e de readaptação das estruturas às novas condições e às novas situações dos doentes e dos idosos”, conclui.