O líder do PSD, Rui Rio, disse na sexta-feira à noite em Monção ser preocupante a "notória desvalorização" que o Governo do PS tem feito do ministro da Finanças, apontando como exemplo as novas regras de contratação nas PPP.
"Temos assistido nos últimos dias a algo verdadeiramente preocupante, que é uma notória desvalorização que o Governo e que o Partido Socialista tem feito do ministro das Finanças, do professor Mário Centeno", afirmou Rui Rio.
O presidente do PSD, que falava durante um jantar do PSD de Monção, no distrito de Viana do Castelo, com cerca de 500 militantes, disse que aquela desvalorização começou a fazer-se sentir na semana seguinte às últimas eleições legislativas.
"Na última campanha eleitoral era exibido até como o Ronaldo das finanças. O grande trunfo eleitoral do Partido Socialista, que tinha equilibrado as contas públicas, que era o presidente do Eurogrupo, que era o grande emblema do PS. Tivemos o domingo das eleições e, logo na semana seguinte, já estavam a desvalorizar o ministro Mário Centeno, já não estavam muito para aturar o ministro Mário Centeno que todos os dias é demasiado aborrecido para eles porque quer fazer o esforço de controlar as contas públicas que é algo que, intrinsecamente, não está lógica do PS", reforçou.
Rui Rio disse que o caso mais grave ocorreu com a publicação, esta semana, em Diário da República, da alteração ao Código dos Contratos Públicos.
A partir de 2 de fevereiro, a decisão de contratar Parcerias Público-Privadas (PPP) vai ser do Conselho de Ministros, em vez dos ministros das Finanças e da tutela, como acontece atualmente.
"Esta semana ficámos a saber que o Governo retirou poder ao ministro das Finanças do controlo das PPP que o Estado português possa fazer. As PPP, seja em que setor for, são, acima de tudo, um negócio financeiro. Quem tirar o ministro das Finanças do controlo de outras PPP é algo que pode vir a ser muito grave para o país", defendeu.
Para Rui Rio, "uma coisa é o ministro das Finanças ser monitorizado e controlado, outra coisa é essa decisão ser feita por outros ministros".
"O ministro das Finanças ser tratado como um ministro qualquer... Isto é extremamente grave relativamente ao futuro das finanças públicas portuguesas", considerou.
Centeno chamado ao Parlamento
O líder do PSD recordou que, na próxima semana, o PSD vai a chamar o ministro das Finanças ao Parlamento.
"Vamos chamar o ministro das Finanças à comissão parlamentar no sentido de ele dizer se está ou não está de acordo com este diploma, se se sente confortável com este diploma e se acha que este diploma defende as finanças públicas. Se o ministro das Finanças estiver confortável, se achar que o diploma está bem, se souber defender o diploma e nos convencer com certeza que nós, pela racionalidade das coisas, ficaremos convencidos", afirmou.
"Se não nos convencer iremos chamar o diploma ao plenário tentando chumbar pura e simplesmente esse diploma na Assembleia da República, na defesa do equilíbrio financeiro de Portugal", disse o líder do PSD.
Rui Rio criticou ainda a governação socialista "no que concerne aos serviços públicos, sobretudo na saúde.
"Todos nós sabemos que a saúde está cada vez pior. Os tempos de espera são cada vez maiores. A nós compete-nos denunciar estas situações", disse, apontando ainda a educação, com "professores desmotivados, situações muito difíceis nas escolas que não têm pessoal".
"E a novidade que o Governo nos vai tentar impor de, até ao 9 º ano, devem acabar as reprovações. Eu acho bem que os alunos não reprovem, mas é quando sabem. Eu acho bem que o Ministério da Educação tudo faça para ajudar os alunos que não sabem a saber. Isso eu estou de acordo. Que temos uma taxa de reprovações muito elevada é verdade, que o nosso sistema de ensino não está bem, é verdade, mas em nome dos alunos, em nome do futuro dos miúdos não podemos deixar passar quem não sabe porque parece que os estamos a ajudar na altura e estamos a dar cabo do seu futuro", frisou.
Vitória nas autárquicas entre as três tarefas que PSD tem pela frente
Rui Rio apontou a vitória nas autárquicas de 2021 como uma das três tarefas fundamentais que o partido tem pela frente, além de se "abrir à sociedade" e "fazer oposição ao Governo do PS".
"No ano de 2020 há três tarefas fundamentais a desempenhar. A mais importante que teremos de desempenhar é ganhar as eleições autárquicas. O resultado que viermos ter em 2021 vai ser fundamentalmente determinado pelo trabalho que vamos desenvolver em 2020", afirmou.
O líder social-democrata, que falava perante cerca de 500 militantes reunidos no jantar de Natal do PSD de Monção, referiu que o trabalho que o partido desenvolver próximo ano é "absolutamente nuclear".
"Se queremos ter um projeto alternativo nós temos, naturalmente, de ao longo do ano ir explicando esse projeto alternativo. E digo exatamente por experiência própria que é no ano anterior às eleições que esse trabalho se faz. É aí que se firma mais a credibilidade do projeto alternativo. No ano das eleições é continuar e não estragar. Nos concelhos onde somos oposição, o próximo ano é absolutamente nuclear", sublinhou.
Para Rio, as eleições autárquicas de 2021 são "absolutamente fundamentais" para o PSD que "desde há três eleições tem perdido muitas câmaras municipais e perdido muita influência no poder autárquico".
"A implantação do partido ainda é muito relevante, mas está muito aquém do que já foi. A implantação do PSD no terreno é muito mais relevante do que o número de deputados que vai para a Assembleia da República. A implantação real no terreno é que dá grande de um partido em Portugal. Temos de ser capazes de começar a recuperar, nas próximas eleições, aquilo que perdemos nos últimos anos", explicou.
Além das outras duas tarefas, abrir o partido à sociedade e fazer oposição ao Governo do PSD, Rui Rio quer que o partido faça política, "colocando o interesse público à frente", tal como preconizada o fundador do partido Francisco Sá Carneiro.
"Francisco Sá Carneiro colocou o país em primeiro, o partido em segundo, e ele próprio em terceiro lugar. Na política, seja dentro quer seja fora do PSD, muitas vezes acontece precisamente o contrário. Eu em primeiro, o partido em segundo e, se der jeito, lá aparecerá Portugal em terceiro. Isto não é forma de estar na política. Quem gosta de estar assim não deve estar na política. Deve ir à sua vida, porque aqui está a mais", avisou.