O livro “Líbano, Labirinto”, de Alexandra Lucas Coelho, venceu o Prémio Oceanos 2022. O anúncio foi feito esta sexta-feira, em Maputo, Moçambique, num evento organizado pela primeira vez num país africano de expressão portuguesa. É a primeira vez que este prémio é entregue a uma obra de não-ficção.
A vencedora vai receber um prémio no valor de 21,8 mil euros. Segundo o júri, em “Líbano, Labirinto”, Alexandra Lucas Coelho “constrói um livro poderoso sobre os afetos e a guerra, a angústia e a esperança”.
Segundo Josélia Aguiar, que integrou o júri final do Oceanos, a obra conjuga diversos estilos, entre eles a “crónica, a grande reportagem, a narrativa de guerra, o testemunho e a memória”.
Já o curador do Oceanos para o Brasil, Manuel da Costa Pinto, destacou que no livro a autora “associa o olhar cirúrgico sobre a realidade social e política a uma sensibilidade que a todo tempo interroga a própria experiência, dentro da tradição que leva do ensaio (em sua aceção original) à crónica contemporânea, passando pela linhagem dos grandes cronistas históricos portugueses”.
Lançado em 2021 pela editora Caminho, “Líbano, Labirinto” aborda a Revolução de 2019 naquele país, bem como a explosão ocorrida em 2020, no porto de Beirute.
Além de Alexandra Lucas Coelho, o júri anunciou ainda um segundo lugar. O livro “Museu da Revolução”, do moçambicano João Paulo Borges Coelho, uma obra também editada pela Caminho, foi escolhida pelo júri e vai receber um prémio no valor de 14,5 mil euros.
De acordo com Artur Bernardo Minzo, professor moçambicano que integrou o júri final do Oceanos, “Museu da Revolução” “esgravata as diferentes formas de (in)compreensão sobre as 'guerras' do projeto humano sempre inconcluso (...) Mas, sobretudo, é a metáfora assombrosa da desqualificada e repugnante negação de valores como a vida, o amor, a paz, amizade, a verdade e a razão”.
Em terceiro lugar no prémio Oceanos deste ano ficou a obra “O Som do Rugido da Onça”, da escritora brasileira Micheliny Verunschk, que vai receber um prémio no valor de nove mil euros.
De acordo com Júlia de Carvalho Hansen, do júri, trata-se de uma obra que “transforma os tempos passado e futuro, criando um romance histórico que é também contemporâneo”.
Concorreram à edição deste ano do Prémio Oceanos 2.452 obras escritas por autores de 17 diferentes nacionalidades e publicadas em sete países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Estados Unidos, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
O júri final foi composto por professores, escritores, ensaístas, curadores, críticos e jornalistas Cristhiano Aguiar, Guilherme Gontijo Flores, Joselia Aguiar e Júlia de Carvalho Hansen, do Brasil, o moçambicano Artur Bernardo Minzo, e as portuguesas Ana Cristina Leonardo e Helena Vasconcelos.
Criado no Brasil, através da Lei de Incentivo à Cultura, pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo do Brasil, o Prémio Oceanos tem o patrocínio do Banco Itaú e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, assim como com o apoio do Itaú Cultural, do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde e do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, além do apoio institucional da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.