O Presidente da República considera que o Governo está a ir "mais longe do que muitos esperariam" para responder aos efeitos da inflação, apesar de reconhecer que se fica "sempre longe da expectativa".
"Olhando para o orçamento do ano que vem, o Governo vai mais longe do que muitos esperariam, daquilo que se conhece, porque ainda não se conhece o Orçamento. Mas, daquilo que foi sendo anunciado, [vai] muito mais longe do que se esperaria", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República falava aos jornalistas em Nicósia, pouco depois de ter chegado a Chipre, onde irá iniciar uma visita oficial no sábado.
Segundo o chefe de Estado, o Governo está a ir mais longe do que se esperaria "para tentar acompanhar minimamente a inflação e para tentar, de alguma forma, corresponder a problemas sociais que existiam: desagrava um bocadinho nos impostos, sobe nos salários, quer nos salários públicos, quer na previsão do acordo de rendimento quanto a salários privados".
"Para aquilo que seria uma visão de muito rigor financeiro, vai mais longe do que [esperado]. Agora, é evidente, para aquilo que são as expectativas de muitos portugueses, ou as necessidades de muitos portugueses, é evidente que, em Portugal como um pouco por toda a parte, se sente que se fica sempre longe da expectativa das opiniões públicas", sublinhou.
Questionado sobre o facto de, no acordo que está a ser negociado em sede de Concertação Social, o Governo ter proposto aumentar o salário mínimo em 2023 nacional para 760 euros, mas mantido a meta de atingir os 900 euros em 2026 apesar da guerra na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "para os portugueses em geral, como para os europeus em geral, tudo o que se possa subir é sempre curto".
"É sempre curto, porque fica aquém das necessidades e fica aquém das preocupações. Sempre curto. A questão é saber o seguinte - e esse é o ponto mais sensível da escolha do Governo nas previsões -, é a inflação, porque no crescimento pode haver várias leituras e previsões, mas parece muito razoável aquilo que é previsto pelo Governo", referiu.
No que se refere à inflação, segundo o Presidente da República, o Governo e o Banco de Portugal acham que vai "haver uma queda da inflação, e aí é que é a grande diferença entre o Governo e as oposições, ou o Governo e alguns comentadores ou analistas económicos".
"O Governo e o Banco de Portugal acham que vai haver a partir do fim deste ano e, sobretudo, no ano que vem, uma descida contínua da inflação. Há quem pense que isso não é inevitável que aconteça", sublinhou.
"Se houver uma descida contínua da inflação para valores mais próximas daqueles previstos pelo Governo, aí o Governo diz: 'cá está, eu não fui mais longe porque eu estou a prever uma desaceleração da inflação'. Se não houver, aí naturalmente que a previsão da inflação vai ter consequências, depois, na revisão - vamos ver em que termos - daquilo que são as previsões do Governo e das medidas do Governo", acrescentou.