A partir de setembro, a Comissão Independente para o estudo de abusos sexuais na Igreja vai envolver jovens de movimentos católicos na prevenção de situações de abuso.
A iniciativa foi anunciada esta quarta-feira em Braga pelo psiquiatra, Daniel Sampaio, que integra a comissão.
O objetivo é que esses jovens “possam divulgar a nossa mensagem e ter uma atitude preventiva junto dos jovens, explicando o problema e possam ser os embaixadores da comissão em diversos contextos onde eles se possam movimentar”.
Para este psiquiatra, é fundamental reforçar a educação sexual nas escolas para a prevenção de situações de abuso, como, por exemplo, no namoro.
“Esta é uma dimensão preventiva muito importante em relação por exemplo à violência do namoro e a questões de dificuldades na sexualidade”, refere Daniel Sampaio, que falava à margem da conferência sobre abuso sexual na Universidade Católica de Braga e onde sublinhou a necessidade de outras instituições seguirem o exemplo da Igreja no combate e prevenção de abusos sexuais.
Para este psiquiatra que integra a Comissão Independente para o estudo de abusos sexuais na Igreja, “é fundamental que a sociedade se empenhe no tema, porque sendo a Igreja que tomou a iniciativa, é mais importante que outras estruturas possam tomar a iniciativa, nós vamos recomendar isso, com certeza”.
Acesso aos arquivos
Para o pedopsiquiatra Pedro Strecht, que coordena a comissão, o acesso aos arquivos da Igreja é um importante passo para o estudo do fenómeno.
“Significa que a equipa de historiadores que nós convocámos para este trabalho possam ter acesso em cada diocese, respeitando as diferenciações de lei canónica e de direito civil, aos arquivos que podem existir sobre esta matéria, quer tenhamos ou não conhecimento”, disse aos jornalistas.
Nesse sentido, Pedro Strecht admite que o número de vítimas possa ser bem maior do que as 326 contabilizadas até agora.
“Nós, hoje em dia, temos muito mais vítimas do que as mais de três centenas de testemunhos, porque, na maior parte dos testemunhos, as pessoas indicam com alto grau de certeza e, às vezes, com total frontalidade - até descrevendo nomes - de outras vítimas.
Portanto, há uma distância muito grande entre o número de testemunhos e as centenas de vítimas que nós já sabemos existirem”, remata.