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#SavePeopleNotPlanes é o título de uma carta aberta endereçada por cerca de 300 organizações ambientalistas aos governos de dezenas de países. O objetivo é sensibilizar os líderes políticos para a necessidade de aproveitar a paragem provocada pela Covid-19 e mudar o sistema de transportes, favorecendo os menos poluentes em detrimento da aviação.
Em vez de ser “resgatada”, este setor tem de ser penalizado pelos graves prejuízos ambientais provocados, defendem os ambientalistas.
As pessoas devem estar em primeiro lugar, privilegiando o apoio aos trabalhadores e não aos acionistas. O setor dos transportes deve sofrer uma transformação ecológica, reduzindo a procura de transporte aéreo e reforçando as alternativas menos poluentes, como a ferroviária. Os postos de trabalho na aviação devem ser substituídos por empregos para o clima. E a aviação deve deixar de ter isenções fiscais e pelo contrário, começar a pagar um imposto sobre o querosene e taxas progressivas sobre os voos frequentes.
Estes são os três pontos fundamentais da carta aberta que vários governos já receberam, subscrita por quase 300 organizações ambientalistas (entre as quais 15 portuguesas) e centenas de cientistas e investigadores a nível mundial, uma iniciativa da Stay Grounded.
A carta para o primeiro-ministro António Costa já foi assinada por cerca de 70 mil pessoas.
“É preciso mudar para nos mantermos vivos neste planeta”
Em declarações à Renascença, Alexandre Perteguer, coordenador da campanha ATERRA em Portugal, defende que “é preciso mudar o sistema de transportes para nos mantermos vivos neste planeta”.
Admite que não é possível mudar de um dia para o outro, mas a transição de forma progressiva deve começar já e “pensar noutros transportes menos poluentes, como o comboio, em detrimento do transporte aéreo”.
Questionado sobre a situação dos mais de dez milhões de trabalhadores da aviação civil e dos outros 65 milhões em postos de trabalho indiretos, Alexandre Perteguer defende que, com o tempo, poderiam ser transferidos para novos empregos, em transportes mais sustentáveis, que também vão precisar de trabalhadores.
O “resgate” dos governos à aviação civil (em Portugal, à TAP e outras empresas do setor) não é bem visto pelo movimento que defende, antes, a necessidade de pôr o bem-estar das pessoas em primeiro lugar, em vez responsável por 10% das emissões, a nível global.
Consideram ainda que a massificação do turismo tem tido um impacto muito pesado sobre as comunidades locais, sendo necessário definir limites para atividade turística e limitar o transporte aéreo ao verdadeiramente essencial.
ATERRA, ZERO, Campo Aberto, Habita, Morar em Lisboa, Casa da Horta, Rede para o Decrescimento, Climáximo, Greve Climática Estudantil e 2degrees artivism são as organizações nacionais que integram a campanha.