Vaidoso por mais uma medalha de ouro de Fernando Pimenta – K1 5000m, nos Europeus de Munique - o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem responde aos críticos, para quem a modalidade vive à sombra das sucessivas conquistas do canoísta de Ponte de Lima.
“Por vezes existem outras modalidades a dizer que a canoagem depende muito dos resultados do Fernando Pimenta. Isso não é verdade. Nestes Campeonatos da Europa tivemos cinco medalhas, incluindo do Kevin Santos e do Norberto Mourão na paracanoagem. Participámos em 10 finais, o que significa estar entre os nove melhores da europa. Este ano já vamos em 17 medalhas conquistadas em campeonatos da Europa e do mundo, nas várias disciplinas da nossa modalidade”, esclarece Vitor Félix numa entrevista a Bola Branca.
Poderá ser redutor dizer que a canoagem portuguesa tem um único nome em destaque, o que não impede o presidente da F.P. Canoagem de colocar Fernando Pimenta no no topo do desporto português.
“É sem dúvida o melhor atleta português de sempre; ganhou 121 medalhas internacionais, já foi campeão da Europa e do mundo, tem duas medalhas em Jogos Olímpicos e muito poucos atletas portugueses se podem orgulhar de o ter conseguido”, sublinha Vitor Félix, antes de confessar vaidade pelos anos de ouro que a canoagem portuguesa está a viver.
“Sou um presidente de federação orgulhoso do Fernando, como de todos os atletas que participaram neste Campeonato da Europa, e de todos os outros que ficaram em casa e que contribuem para que hoje a canoagem seja uma modalidade de referência em Portugal e vaidoso por ter um atleta como o Fernando Pimenta na nossa modalidade”, declara
Ouro de Kevin Santos não surpreende
Quando a regata de K1 200m nos Europeus de Munique chegou ao fim, o caiaque que tinha como tripulante Kevin Santos foi anunciado como tendo cortado a linha de meta no 5.º lugar. Um erro grosseiro, afinal, depois de a revisão das imagens ter confirmado o atleta do Clube Castores do Arade como novo campeão da Europa, com o tempo de 36,975 segundos, seguido do letão Robert Akmens (37,028) e do sueco Petter Menning (37,055), canoístas que desceram um lugar no pódio. Há já algum tempo que Kevin Santos ameaçava chegar às medalhas, faz notar Vitor Félix.
“Ele já tinha sido finalista no Campeonato do Mundo no Canadá, já tinha sido finalista em taças do mundo; inclusive, este ano, já tinha ganho em maio uma medalha na taça do mundo, em Poznan. Não é uma surpresa, uma vez que o Kevin falhou o apuramento olímpico para Tóquio por muito pouco. É o culminar da carreira de um jovem atleta que poderá ainda dar muito à canoagem portuguesa. É um dos atletas que lutam permanentemente por um lugar no K4 e acho que é um prémio para a carreira do Kevin Santos. Ele e o Fernando permitiram-nos fechar com chave de ouro esta presença no campeonato da europa” diz, orgulhoso.
Basta de palmadinhas nas costas
Vezes sem conta, o máximo responsável pela canoagem portuguesa tem apelado ao poder político para que dote o organismo a que preside de meios financeiros que lhe permitam preparar o futuro. Vitor Félix não se queixa de falta de apoio aos atletas de elite, mas sim de verbas que lhe permitam proporcionar experiência internacional a um número crescente de canoístas, de forma a salvaguardar o futuro da modalidade.
“Aquilo que reclamamos, quando dizemos que já estamos fartos de palmadinhas nas costas, é que o reconhecimento do mérito que claramente tem havido por parte do Presidente da República, do primeiro-ministro, da Assembleia da República, de uma vez por todas seja vertido no apoio financeiro. A Federação Portuguesa de Canoagem é a 13ª do ranking do financiamento no alto rendimento. Isto não é admissível” desaba, em conclusão, o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem.