A banca tem dinheiro do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) destinado às pequenas e médias empresas.
É assim que o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), responde às críticas dos empresários, que dizem que os fundos do PRR estão a ser absorvidos pelo setor público e por grandes projetos, sem chegar às PME.
Em declarações à Renascença, Ricardo Mourinho Félix não avança valores, mas garante que o dinheiro para as PME está disponível.
"Os planos estão em execução, temos feito várias operações ‘InvestEU’ com os bancos portugueses, precisamente para fazer chegar os fundos europeus às PME.”
Mourinho Félix admite que o atual contexto socioeconómico tem levantado desafios à execução dos fundos comunitários, à implementação das reformas necessárias e até à absorção dos investimentos.
Multiplicar euros “como poção mágica”
O vice-presidente do BEI garante que a instituição está preparada para financiar a Europa.
Recentemente foi aprovado um novo pacote de financiamento, de 30 mil milhões de euros para os próximos cinco anos, através do qual contam mobilizar mais de 100 mil milhões de euros de investimento, com a participação do setor privado. Mas ainda não chega.
Só na área da sustentabilidade e do ambiente “são necessários investimentos de centenas de milhares de milhões de euros”, lembra Mourinho Félix. O setor público não tem este dinheiro, só com os privados será possível lá chegar, avisa.
“É importante usar estes fundos (públicos) como uma poção mágica, que multiplica e faz aparecer investimento privado”, explica Mourinho Félix. Normalmente, o BEI consegue multiplicar por três cada euro que investe, conseguindo por vezes chegar aos sete euros.
Alemanha vai recuperar rapidamente
O vice-presidente do BEI minimiza a entrada em recessão do motor da economia europeia, a Alemanha.
Em resposta à Renascença, Ricardo Mourinho Félix diz que este passo atrás “deve ser encarado como o resultado do contexto em que vivemos e estamos todos juntos a dar resposta”.
Acredita que a Alemanha vai recuperar “muito rapidamente, é uma economia forte” e todos contam com o país para “continuar a apoiar o crescimento europeu”.
O vice-presidente do BEI não comenta que impacto pode ter esta recessão alemã nas decisões do Banco Central Europeu (BCE) sobre as taxas de juro. No entanto, dá como ultrapassada a recente turbulência financeira, sobretudo depois de ontem Bruxelas ter dado luz verde à fusão dos bancos suíços UBS e Crédit Suisse.
“É uma situação que felizmente está atrás de nós, o sistema financeiro está resiliente, tem continuado a funcionar bastante bem, inclusive com o aumento das taxas de juro tem havido alguma recuperação.”
Mourinho Félix lembra ainda a importância de “um sistema financeiro robusto, que está agora muito melhor preparado para resistir, do que estava na altura da crise financeira”.